14.1.09

O som que o Amor tem










Uma das discussões hoje durante o almoço tentava entender se afinal Amor combina com música, ou se uns acordes de José Mário Branco no momento em que o marsápio desenha a sua arte podem deitar abaixo qualquer relação séria. Uma das opiniões era que música durante o acto sexual funcionaria como uma espécie de terceiro elemento. Uma fonte de perturbação. Uma espécie de o outro, que não sai de dentro do guarda-fato, mas do interior de uma caixa de música regurgitando frases incontroláveis como:

Casa comigo Marta
Tenho roupa a passajar
Tenho talheres de prata
Que estão todos por lavar
Tenho um faisão no forno e não sei cozinhar
Camisas, camisolas, lenços, fatos por passar
- Casa comigo Marta
Tenho roupa a passajar
- Casar contigo, não maganão
Não te metas comigo deixa-me da mão

Como uma escolha musical duvidosa pode deixar KO o besugo mais firme e hirto, e fazer esbanjar uma relação que prometia fazer a vida sorrir.

A mim tanto se me dá. Gosto da harmonia do Amor, das escalas cromáticas que ele proporciona quando executado por dois instrumentistas afinados e dispostos a seguir a mesma partitura, mas vendo bem as coisas, dadas as limitações evidentes da minha performance sexual e amorosa, uma simples peça musical de algum artista escolhido a dedo poderá ajudar a mulher a desinibir-se e a pensar que está com o tipo que canta, e não com o camafeu que lhe saltou para cima. E acreditem que um simples dedo pode resolver muita coisa. E acreditem também que há muitas gajas que ficam com uma tesão do caralho só de imaginar as maravilhas que o bigode do José Mário Branco pode fazer. Foda-se, e eu que não tenho bigode.

Mas entre um registo de canto gregoriano trauteado pelo saudoso João Paulo II ou os sons naturais que emanam da torrente de Amor, prefiro os segundos. Digam lá meninas, se há algo que saiba melhor do que escutar ou cantar, em surdina:

"Gosto da melodia das tuas pálbebras nos meus ouvidos enquanto o teu Amor nos envolve."

3 comentários:

mf disse...

A música desconcentra, cá para mim. A não ser que seja essa de que falas no fim e que é feita só a dois. Não há melhor, tens razão.

E quanto a bigodes... Brrrr...

Bruno disse...

Um bom bigode pode ter muitas utilidades. Um dia explico-te. Mas não uso bigode, dispenso tal apêndice.

Ana GG disse...

Gosto mesmo é da música dos corpos!

Os bigodes, apesar das utilididades sem fim...também dispenso.