8.1.09

A pila e o problema do missionário

Ele há posições para todos os gostos e todas as formas, mas habitualmente os neófitos do sexo iniciam-se pela posição clássica de Missionário. É uma espécie de ritual de iniciação, como quem pela primeira vez pica o ponto numa nova experiência profissional. Ou como quem vive a experiência de andar pela primeira vez de bicicleta: desenhando inicialmente pequenos trajectos no quintal da avó com auxílio de duas rodinhas de apoio; pedalando depois já apenas com a sustentação de uma rodinha, até conquistar o equilíbrio e confiança necessários para dispensar artifícios e dar ao pedal de uma forma autónoma e conquistadora de quilómetros.

Também no sexo é assim que as coisas funcionam. Tudo se baseia na relação de confiança que se constrói entre duas pessoas, na capacidade de construir a intimidade, alimentada pelo espaço que cada um dedica ao companheiro e pelo conhecimento do próprio corpo e da pessoa a quem se dedica Amor.

A posição Missionário é uma porta aberta ao conhecimento. A mulher estende-se de dorso disponível a abre as portas do ministério para a conquista atrevida do naco masculino. Os dois corpos fundem-se, a mulher aprisiona o homem, e os dois fulcros do prazer comunicam secretamente. É uma flutuação dos sentidos, dois transformam-se em um, e o amor simplesmente acontece.

Ganha o nome de Missionário porque os padres aconselhavam as populações consideradas menos evoluídas, nomeadamente os indígenas submetidos à evangelização, a praticarem esta posição, porque facilitava o objectivo primário de mandar uma trancada: a procriação.

O homem indígena acoitava-se naquele lombo indígena de fêmea desnudada e de peito ressequido, e lembrava-se das palavras do missionário. A determinada altura fazia como o tetra pak na hora em que é aberto, e passados nove mesinhos estava cá fora um rebento com ar de presbítero colonizador, mas ainda assim indubitavalmente filho do seu próprio pai.

Esta posição sexual, bastante favorável à actividade do colhão, tem evoluído bastante. E para tal muito tem contribuído o avanço da ciência na área dos colchões ortopédicos. E para tal, os portugueses só têm de agradecer aos suecos do IKEA, grandes especialistas na fabricação de colchões e grandes responsáveis pela acentuada melhoria da nossa vida sexual.

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