1.1.09

Sinto que sou sempre o último a saber (sobre Equador)

Por norma sou um gajo que até procura interessar-se sobre os factos que fazem mudar e avançar o mundo. Aquelas merdas às quais por vezes ninguém liga, mas que são afinal decisivas para compreender as agruras do presente e enfrentar os dilemas do futuro. Enfim, não gosto de viver à margem, na ignorância sobre o que nos rodeia. Mas sinto que cada vez mais há factos que me passam ao lado, ou ao lado dos quais eu passo sem sequer me aperceber da sua existência. Figuras, personagens, acontecimentos, tricas, para as quais olho de sobrolho franzido, do mesmo modo que um boi se confronta diante de um palácio. É uma merda. É como ter alzheimer sem ainda sequer termos ultrapassado os trinta e cinco. Como ter alzheimer e permanecer com a tesão intacta. Foda-se...

Desde há uns anos, o romance Equador, de Miguel Sousa Tavares, e a série televisiva a que deu origem são do que mais se fala. Fazem as bocas do mundo, toda a gente domina o assunto e opina, ora a favor da obra que dizem prima, ora contra a polémica figura de MST. Tenho de reconhecer que não faço ideia do que se passa dentro daquelas páginas, ou do que desvendam aquelas cenas com personagens em trajes coloniais, diálogos em inglês e imagens recolhidas em diversos continentes.

Sinto-me aquela puta a quem já não importa se está a levar no cu ou a comer na pássara, e que se faz pagar pelos menos honorários em qualquer circunstância. Que nada sente e que lhe é já indiferente o buraco por onde lhe entra o dinheiro. Sinto que estou longe de tudo, destas minudências que fazem a vida pós-moderna, destes equadores e destas conversas à esquina da mesa do café. É uma porra, porque assim ninguém nos leva a sério.

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