25.11.09

Não poderia estar mais de acordo...

... ou talvez pudesse. Mas o que li chega para me levar a assinar por baixo.

A Onda do Blogueiro Marionete

23.11.09

A Ministra da Educação e os megabytes

Poderá ter sido uma tentativa de humor frustrada, ou uma inocente assumpção de ignorância quanto às novas tecnologias. O que cada vez mais percebo é que existem matérias sobre as quais um político não deve correr o risco de gracejar. Porque, inevitavelmente, ou sai asneira ou resvala para o ridículo.

"Entre o 5º e o 12º ano foi garantida a ligação banda-larga, alta velocidade, pelo menos 64 Megabytes... francamente, não percebo muito do que é isto... mas sei que é bom" (risos na sala)

Isabel Alçada, Ministra da Edudação



Se por um lado foi ridículo confessar que não entendia nada do assunto, por outro lado a ressalva fê-la escapar ao ridículo ainda maior que seria confundir 64 Megabits por segundo com 64 Megabytes por segundo. É que, na verdade, a ministra deveria ter-se referido a Megabits e não Megabytes (como erradamente o fez), mas como assumiu que não entendia nada do assunto acaba até por não ser tão grave.

Ridículo por ridículo, mais vale vender o peixe e dizer que é bom, mesmo deixando claro que não se percebe absolutamente nada do que se está a vender.

22.11.09

Massive Attack em grande no Campo Pequeno





















Era um dos concertos mais aguardados do ano. E não defraudou. Os Massive Attack estiveram em grande. Novos temas, novo álbum (depois de 7 anos sem gravar, Hell-Ego Land sai em Fevereiro). E não me lembro de ter visto um espectáculo deste género com uma componente cénica e de iluminação tão surpreendentes. Esta espécie de trip-hop de intervenção dos Massive Attack volta hoje, domingo, ao Campo Pequeno. Quem não viu, aproveite...




(foto e vídeo retirados da página dos Massive Attack)

21.11.09

Orquestra de peidos

«A mensagem publicitária consiste na exibição de um pequeno filme de banda desenhada, cujo mote principal são vários traseiros que flatulam livremente. Para ilustrar a flatulência, nuvens de gases saem dos traseiros, acompanhadas de sons associados a flatos e sons de instrumentos de orquestra. Alguns traseiros surgem também a “tocar” clarinetes e trompetes.

Numa caixa de texto no centro do ecrã lê-se: “PEIDOS”, enquanto na lateral esquerda do ecrã encontra-se uma representação figurativa (animada) de um telemóvel que expõe o número ****. Na parte superior do ecrã exibe-se o seguinte texto (animado): “**** *********”. O narrador (timbre de voz infantil), em voz off, anuncia o serviço: “Já ouviste a orquestra dos peidos? Vais pôr toda a gente a rir! Pede já e tens mais todas as semanas. Envia peidos para o…”»

Excerto da deliberação do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre o anúncio publicitário a Orquestra de Peidos, que gerou a indignação de pelo menos 4 pessoas atentas e preocupadas, por entenderem que na televisão portuguesa não se pode falar nem de peidos, nem de traques ou bufas, não ficando claro se admitem a abordagem pela perspectiva mais distante da gíria e mais próxima do registo familiar, com recurso por exemplo à expressão digna e casta pum, uma abordagem vicentina que como é sabido não ofende ninguém.

O chofehr que nos conduz até Jinga

10.11.09

Por Tudo e Pornada declara-se em fase Jinga

Todos os detalhes, para escutar neste anúncio da gerência:

A sustentar calinadas no 24 Horas há mais de 1300 euros

É sempre com um enorme prazer e uma não menor expectativa que chego ao meu posto de trabalho na segunda-feira de manhã e me lanço sobre a edição do jornal 24 horas. Ele determinará o que posso ou não esperar da minha semana.

Se a edição de segunda-feira alcançar o nível desejado, então a minha semana será elevada aos píncaros da espectacularidade. Se estiver mal concebida, mal enjorcada, fechada à pressa e pejada de equívocos e de fotografias de agência ou de festas com personagens-que-ninguém-conhece-só-para-encher-papel, então a minha semana vai com toda a certeza ser uma merda.

E esta segunda-feira não fugiu à regra. Cheguei ao local de trabalho, descalcei os chanatos e pus os pezinhos ao fresco dentro de duas socas Birkenstock.

Folheei então com agrado as páginas iniciais do pasquim-vinte-e-quatro-horino... aquela história fantástica do Jorge Jesus ao lado do Cróife, desenterrada do cemitério das histórias ocultas do futebol português, nem o Stóitjecóve se lembrava da personalidade fulgurante do nosso JJ. Só acho relativamente abusivo dizer que aquele estágio em Barcelona transformou a carreira do Jorge Jesus. Isso não é factual, e acho que o jornalismo deve guiar-se pela busca do que é concreto, mas isto sou eu que digo, que nada entendo dessa profissão de artistas bem pagos e com vidas de glamour e ostentação.

Bem me esforcei, mas o dia não estava para grandes leituras. Até porque logo na primeira página fui tocado pela comoção, depois de ter lido a frase do Rogério Samora, acerca da morte da avó no mesmo dia em que ele completou 50 anos, quando diz: "Se não fosse ela, talvez eu não tivesse nascido". Se não fosse a avó dele, o RS não teria nascido. E se o Rogério Samora tivesse rodas... seria um segway. E isto sim é factual.

Era este o cenário que estava traçado para a minha manhã quando tentei mergulhar a fundo nas primeiras páginas do 24 Horas.

E devo confessar que fiquei ainda mais confuso quando, na página 28, choquei de frente com um texto sobre os "humoristas" do Telerural. Eles queixam-se do provedor do telespectador da RTP.

Até aí tudo bem, até os humoristas do Telerural têm o direito a manifestar-se num jornal de referência como o 24 Horas. O 24 Horas não pode ser apenas um repositório de notícias sérias ou de aprofundadas análises sobre a conjuntura económica internacional, nem pode ser apenas um palco de extensas dissertações sobre o universo cultural de elite da RTP2. É preciso alargar o espectro e saber chegar a todos os públicos.

É por isso legítimo questionar o subtítulo desse texto, que revela que os guionistas do referido programa estariam descontentes com o Provedor do Telespectador, espaço conduzido por um "paquete". Tentei perceber se estariam a falar de um "paquete", um navio de grandes dimensões, que circula entre as Caraíbas, o Mediterrâneo, e o arquipélago da Madeira... ou se o "paquete" que conduz o tal programa do Provedor seria um "paquete" daqueles que distribuem encomendas ou são pagos à jorna para fazerem recados. Uma espécie de Bruno Fehr mas com miolos na caixa encefálica em vez de titica de galinha ou de laudas de referências googlianas amarfanhadas em bolas de papel. Consegui perceber que o "paquete" a que se refere a notícia é o paquete do Oliveira, o que me deixou na mesma. Verifiquem lá isso, e depois digam-me quem ou o que é o tal paquete, para eu tentar entender o que se passa.





























Mas mais perturbado fiquei quando saltei para a chamada zona VIP... Aquela em que surgem as pessoas ditas bonitas, espectaculares, as pessoas "tásse" (de tásseachandoumagrandemerda). No canto superior esquerdo da página 38 aparece a fotografia mais enigmática de toda a edição do 24 Horas: o garboso jornalista da TVI, Sousa Martins (não confundir com aquele que comunica directamente com a Pomba Gira Linda Reis, e que tem direito a estátua no Campo de Santana, junto à Faculdade de Medicina), acompanhado de alguém do sexo masculino com aparência bastante "alternativa"...

A legenda mostra um enigmático "O jornalista da TVI, Sousa Martins, foi com a namorada Marta Wahnon ao aniversário do Joalheiro Gil de Sousa".
























Não acham a legenda só um bocadinho desadequada? Onde está a Marta Wahnon? Será esta personagem que está agarradinha ao Sousa Martins? Estará no bolso deste homem que, entre outras coisas, faz também broches? Não percebo, sinceramente.

É que dar 75 cêntimos todos os dias para ficar neste estado de confusão está a sair-me caro: por mês são 22 euros e meio, o que perfaz ao longo de um ano 270 euros, o que ao longo de cinco anos dá mais de 1300 euros. Meus amigos, eu não ganho para sustentar as vossas notícias que deixam por esclarecer aspectos fundamentais da vivência humana e que determinam o karma de uma semana de trabalho, e não esperem que vos mande levar no "paquete", amanhã estarei de novo com mais 75 cêntimos a voarem da carteira à espera de novas surpresas, novos karmas, novas viagens.

5.11.09

Jorge Jesus, Rui Santos e o picaretismo falante

É a primeira vez que vejo um treinador sentado no banco com um cachecol do próprio clube ao pescoço. O Jorge Jesus arrisca-se a cair no ridículo, e pelo andar da carruagem o Benfica arrisca qualquer dia ter o Barbas no banco a dar instruções.

Quando ao Rui Santos, fica provado que se esqueceram de ensinar o senhor que a grande virtude (virtualidade, como ele diz) de um comentador de jogos de futebol é saber ficar calado. Assistir a um jogo de futebol com uma picareta falante constantemente a martelar nos ouvidos é, deixam-me que vos diga, uma tortura. Suplico por alguns segundos de silêncio. Apenas isso... Porra!

4.11.09

Não há coincidências

Os meus olhos viraram-se para uma das prateleiras cá de casa onde estão arrumados alguns livros – grandes, pequenos, altos, baixos, magros, gordos. Sem se fixarem em nenhum atributo em particular, viajaram pelas lombadas daqueles edifícios moribundos como dedos que escorregam felizes pelas oitavas de um teclado de piano.

Agarrei ao acaso no Até Onde Se Pode Ir?, do escritor britânico David Lodge, romance que nos transporta até à epopeia de um grupo de jovens durante a época da libertação sexual na Grã-Bretanha, acompanhando as dores de crescimento de uma geração atormentada por fantasmas do passado e assustada com os desafios de futuro. Abri o livro, folheei-o, e recuperei à memória a sensação da leitura original.

Na primeira página, uma anotação pessoal e a data da aquisição do livro: 3 de Novembro de 1998. Precisamente onze anos haviam passado. E ao folhear Até Onde Se Pode Ir?, também eu recuei àquele tempo, acossado pelos fantasmas do passado, e lá chegado, assombrado pelos desafios deste futuro que já se cumpriu.

Comprar um livro, concordem ou não, é um acto de paixão. A afecção conduz à ilusão do sentimento, que pode desfazer-se ou agudizar-se nas voltas do texto. Os livros acompanham-nos em silêncio, e embora muitas vezes possamos não ter sequer tempo para eles, ali permanecem sempre disponíveis, como frutos a pender da árvore, à espera para serem colhidos, digeridos. São, de facto, os nossos melhores amigos.

Pipoca e língua: duas impossibilidades teorico-práticas

Existem poucas coisas mais incomodativas do que comer pipocas doces e ficar com um valente pedaço de casca de milho colado numa zona inacessível da língua.