12.2.09
Palavras (II)
Matava o bicho com duas torradas e uma caneca de café com leite, desorientado no meio do meio de tanto vapor suspeito, névoa de sofrimentos que lhe acordavam o dia sem novidades numa viagem pelo nevoeiro das notícias da manhã, espreitando de soslaio o aparelho funesto das imagens a ritmo constante, que anunciava complicações para lá do nó da Buraca, e entre os vapores matinais de uma caneca de café com leite, contemplava aquele estranho repetir de circunstância, de cada dia igual ao anterior. Dali a pouco, a busca da intimidade em folhas que vertiam tinta fresca de ideias antigas, o olhar viajando num mar de anúncios de jornal, cruzeiro de primeira classe com mapa do tesouro que não aceita passadas em falso, como se o futuro se desenhasse ali, na semântica abreviada de duas ou três frases de sepultura, à procura de gente viva, ou que dominasse a estranha arte de arquear circulares. Por isso, como sempre, Minotauro à procura da saída do labirinto dos vapores desorientados do café da manhã, concluía que as palavras não o levavam a lado nenhum, apenas a locais que desconhecia, emergências sem saída, eram afinal apenas os trilhos de Dédalo, ocultos na estranha composição de um caderno de classificados.
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2 comentários:
Olá Bruno,
A filosofar? Por vezes, parar, observar o que nos rodeia e pensar sobre o teatro ou o baile de máscaras faz bem à pseudo alma.
A análise social tem os seus encantos.
Um abraço
Escrito ao acordar. Ou talvez ainda a dormir, nem sei bem.
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