12.2.09
Passagens de Lisboa #1
Observei com atenção o Cais das Colunas. O sol estava quente, desenhava-se sobre nós como um peso que atormenta consciências livres. Não estava tranquilo. Olhei uma segunda vez, desta vez estendi o olhar até à zona do gradeamento e do muro onde algumas criaturas torravam ao sol. Vi uma jovem que apontava a máquina fotográfica para o centro da Praça. Senti a tentação de lançar a senha à espera de que na resposta se soltasse a impressão de um instantâneo à la minute. Ela prosseguia com as suas vestes de veraneio, torpedeando a praça com fotografias umas atrás das outras. Senti que aquela passageira ocasional se sentiu observada e me olhou de relance. Os óculos escuros cobriam-lhe metade do rosto, ocultavam alma e pensamento. Durante minutos permaneci imóvel, numa paciência de obturador. À espera de um clique que nunca chegou a existir.
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2 comentários:
Acontece, não acontece? Aquele cruzamento de olhares que nos fica na memória e não tem lugar no futuro. Quando o relembramos é um sentimento algo agridoce...
E quantos cruzamentos desses não acontecem na nossa memória, com acontecimentos vividos, experiências passadas? Este tipo de experiências acontece-me muito em viagens. As pessoas estão muito mais disponíveis. Por vezes é estranho cruzarmo-nos em locais tão recônditos com pessoas que têm tanto a ver connosco. E depois cada um ir para seu lado. Deve haver quem fale sobre isso e saiba explicar. A mim aconteceu-me inúmeras vezes e tenho essas pessoas em espaços especiais dentro da lembrança, apesar de terem sido fogachos.
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