7.3.09

Pessoas que mentem com livros













Li esta notícia ontem no jornal Público, e achei curioso, porque muitas vezes quando ouço alguns políticos ou outras figuras públicas dizer que leram fulano ou cicrano de tal, e exultar pela importância de determinada obra para o progresso da Humanidade, fico sempre com a pulga atrás da orelha e a vontade de questionar e tentar perceber até que ponto eles leram mesmo aquelas obras, ou se estarão apenas a dizê-lo para se armar perante o cuco mediático.

Foi o caso, por cá, do ex-candidato à presidência do PSD, Pedro Passos Coelho, que disse em entrevista a uma revista, há umas semanas, ter lido A Fenomenologia do Ser, de Jean-Paul Sartre, um livro que... não existe.

Em Inglaterra, o World Book Day patrocinou um inquérito para saber até que ponto as pessoas mentem quando dizem que leram determinada obra. Os resultados são surpreendentes... ou não.

Dois terços reconheceram já ter mentido.

1984, de George Orwell é o livro com que os intrujas mais procuram dar a banhada, 42 por cento confessaram que nunca puseram os olhos em tal livro, mas já disseram tê-lo lido.

Depois surge o clássico Guerra e Paz, de Leon Tolstoi, 31 por cento.

E, finalmente, outro clássico, da literatura irlandesa, Ulisses, de James Joyce. 25 por cento disseram ter lido esta obra, sem na verdade lhe terem posto a vista em cima.

Há uns dias, um indivíduo, conhecido por incorrer com frequência na intrujice bloguística, escrevia naquele seu já conhecido tom carroceiro, que James Joyce era um escritor que lhe enchia as medidas. Desconheço se esta resposta terá já entrado na estatística.

Da minha parte, confesso ter cumprido a leitura apenas do primeiro livro desta lista. E o mais próximo que estive de Ulisses foi através do clássico A Odisseia de Homero, poema que "li" através da Breve Adaptação da Odisseia do mítico João de Barros da juventude de muita gente.

Mas hoje, os Ulisses são outros, e as Penélopes, diga-se de passagem, são bem mais interessantes e não há pretendente que se deixe abater.

4 comentários:

Pax disse...

Eu nunca me tinha lembrado de mentir em relação a livros que li ou deixei de ler... se calhar devia :) :) :)

Bruno disse...

Eu poderia mentir à vontade, porque seria apanhado em dois tempos. Tenho uma péssima memória para aquilo que li, e mais péssima ainda para aquilo que nem sequer folheei.

A memória guarda aqueles livros que me deixaram marca, e há muitos que não deixam sequer o desenho de um sinal. E são esses que por vezes permitem uma segunda oportunidade, uma releitura sem que seja fique de parte algum efeito de surpresa.

Pax disse...

Eu com os livros tenho uma boa memória para o conteúdo mas péssima para o nome.
Quando quero recomendar algum é uma chatice porque, normalmente, lembro-me da história toda com detalhes mas não da capa :)

Bruno disse...

Olha, eu agora ando a ler um livro que se chama...

não me lembro...

Acho que houve um jogador da bola que um dia deu uma resposta destas, quando lhe perguntaram o que andava a ler.

p.s. estou a ler um livrinho sobre o Islão, que se chama "Em que acreditam os Muçulmanos?", de Ziauddin Sardar, 2,5 euros nas prateleiras do Continente, livro de bolso da Booket.

E ando a ler também "Encontro de Amor num país em guerra", livro de contos de Luis Sepúlveda.

E outras coisas que vão aparecendo, e que vou lendo como quem não quer a coisa.