27.4.09

GP: A Revolução dos Escravos

O cauteleiro está do lado de fora da casa do Grande Primo, apregoando os números da sorte e gritando loas a prémios que hão-de mudar a vida de alguém. Ele sabe que por esta hora os habitantes mais famosos da blogosfera real vão dispor de um dia de liberdade de movimentos. É uma liberdade aparente, que os levará não sabem bem aonde nem com que objectivos.

O Grande Primo preparou para os concorrentes uma tarefa vagamente inspirada na Revolução dos (es)Cravos. Aos habitantes da casa pede-se que cumpram a complexa missão de libertar uma ilha perdida nos confins do desconhecido, na qual uma dúzia de indivíduos vivem isolados sem qualquer contacto com o mundo exterior, num concurso cruelmente apelidado de O Grande Capataz. A missão dos nossos blogosféricos é libertar essa ilha e os escravos que nela competem sob o jugo opressor do Grande Capataz. Como em todas as boas revoluções, deverão concluir a missão até ao final do dia e sem que seja vertida uma única gota de sangue humano ou de cão Rafeiro.

Os habitantes atravessam a porta da casa. Há praticamente um mês que não sentiam os aromas da vida real. Desenha-se na cara de cada Primão um fatalismo emudecido. Estão tensos e consumidos pela estranheza do momento. Ninguém imagina o que os aguarda:

Pax
"Não sou de virar a cara à luta. Se é para libertar os pobres dos escravos, estou na primeira fila. Acho que devemos ajudar as pessoas que estão a ser oprimidas, e tambem as pessoas de cor. Para mim, são pessoas como nós. Sou totalmente contra o racismo. E desconfio sempre daquelas pessoas que sentem necessidade de dizer que não são racistas. Sou muito sensível aos problemas dos aleijadinhos, dos oprimidos e dos pobrezinhos. E também das pessoas de cor. Ah, já tinha dito. Mas não fica mal reforçar."

Van
"A gente temos d'ajudarê estes moç'es, porqu'o marafade do Capataz tem de ser corride de lá. E agora, desculpem mas tenho de ir dar conta duns albricoques c'andem por além a besoirar pra mim."

Comendador (es)Feéhrico
"Pessoal, tá a formar a dois. Posso não ter grande jeito para escrever, mas disto da tropa percebo eu. Ou não tivesse sido instruído nesse indescritível exército que há mais de 150 anos soma derrotas em todos os conflitos em que se envolve. Com o meu treino militar, a minha capacidade de estratega, os meus conhecimentos de acção psicológica e a inteligência que me caracteriza, camaradas bazarocos, só aceito uma palavra: e essa é VI e TÓRIA."

MacDonaldo
"Finalmente uma hipótese para concretizar os ideais de Abril. Eu alinho nessa e nem penso duas vezes. Aliás, nem penso uma vez. Aliás, nem penso nenhuma, que é para não me acusarem de perder muito tempo a pensar"

Kitty
Vou nessa mas desde que assinem um termo de responsabilidade em que se comprometem a tudo fazer para preservar o estado impecável das minhas unhas. Que por acaso são de gel. Converti-me desde que vi a Samantha do Sex and the City usar umas. Eu alguma vez disse que unhas de gel eram pirosas? ... Nunca disse tal barbaridade, vocês estão todos malucos, é o que é!"

Pipoca
"Quem vai à guerra dá e leva. Eu levo comigo alguma da vossa inveja, e dou-vos um pouco das migalhas do meu sucesso."

Monsanto
"Será que posso ficar por casa a tomar conta das galinhas e a contar os fios de esparguete que sobram para o jantar. É que à segunda-feira não me dá jeito nenhum entrar numa guerra, é daquelas coisas que vêm nos livros."

Patruca
"Só de pensar no que nos espera até já sinto borboletas no estômago. Espero que não seja a criança antes do tempo a querer bater as suas asinhas de frango. Deve sair ao pai, o apressado."

Rafeiro
(limitou-se a abanar a cauda, mas como estava de olhar vidrado na concorrente Pipoca e a vertia em simultâneo alguma baba, desconhece-se se tal atitude era demonstrativa de alguma opinião sobre a tarefa que foram chamados a desempenhar)

Cumprimentam o cauteleiro e avançam em direcção ao desconhecido. O futuro da Revolução dos Escravos está nas mãos destes amanuenses de Abril.

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