28.12.08

Breve reflexão sobre o fodido que foi 2008

A propósito do ano que agora finda, foi um ano filha da puta. Não para mim, que se me deu igual ao litro, fiz tudo o que sempre fazia e continuei a exercitar o meu martelo na bigorna com toda a força, como quem bate afincadamente em ferro forjado. Nesse aspecto foi um ano profícuo e com muitas e boas memórias no cardápio dos afazeres sentimentais. Porque é de amor que se fala. (Vocês são tramados, sempre a levar tudo para a questão do sexo. Eu sou um santo. Já vos tinha dito que sou um santo?)

Mas este foi um ano do caralho para muita gente. É vê-los por aí de tomates encolhidinhos e prontos a subirem ao canal inguinal para não verem a merda que os seus donos fizeram, armados em descendência de ilustres meretrizes. Refiro-me especificamente a gente como banqueiros, supervisores, políticos de segunda a quinta, e outras classes que não cabe aqui referir, mas sobre as quais alguém diria que vocês sabem de quem eu estou a falar.

Foi um ano tramado. Eu não queria estar na pele desta gente. E muito menos no prepúcio deles. Aí é que eu não queria mesmo estar. Para cheiros fétidos já nos basta a merda que eles fazem. Prefiro ser pobre mas honrado, do que andar por aí carregando o peso do infortúnio e da incompetência. Tenho um peso só meu, o qual estou disposto a partilhar, mas com esse posso bem.

Mas foi um ano ainda mais lixado para outro tipo de gente. Para esses, a palavra a usar tem de ser mais forte: foi um ano fodido. Olhamos para o ano que finda, esprememos, e o que sobra? Alguns dirão que fica o Magalhães e o anúncio de que as santanettes estão de volta ao palco da capital. Pois, eu diria que nada fica.

«O preço dos combustíveis nos postos de abastecimento subiu a contento, a Sem Chumbo 95 chegou a custar mais 1,40 euros.Mandar uma pinocada dentro do carro em local ermo passou a custar os olhos da cara. E talvez um outro olho, para as meninas mais afoitas.»

No Verão, a escalada do custo do petróleo levou o preço do barril de crude numa erecção infindável quase a bater naqueles trinta centímetros que já são considerados "colossais", que é como quem diz, a roçar a barreira dos 150 dólares. O preço dos combustíveis nos postos de abastecimento subiu a contento, a Sem Chumbo 95 chegou a custar mais 1,40 euros. O pessoal revoltou-se, houve protestos dos camionistas e os portugueses em vez de levantarem a voz de uma maneira quase grega, foram todos a correr para as bombas para atestar o carrito, e se pudessem atestavam até a banheira lá de casa e o estômago da sogra, se possível. A lógica foi: cada um por si, e eu por mim. Salve-se quem puder.

Mandar uma pinocada dentro do carro em local ermo passou a custar os olhos da cara. E talvez um outro olho, para as meninas mais afoitas. A pretexto da subida do preço do petróleo, tudo subiu. Era pretexto para tudo e mais alguma coisa. E agora que o preço do petróleo escorrega por aí abaixo, andam todos caladinhos que nem patos. O preço dos transportes não vai subir. Mas não seria suposto que descesse?

A coisa amainou, e o preço do petróleo foi caindo, depois daquele saboroso orgasmo para que lucra com isto. Chegou o período do refluxo, e atingimos o fim do ano com o petróleo a custar pouco mais de 35 dólares nos mercados internacionais. Menos da quarta parte do que custava no pico do Verão. Hoje, espetar a mangueira em qualquer buraco custa ainda mais de um 1 euro.

Digam-me lá, se isto fosse um país a sério, não tínhamos já dado um par de chapadas a quem nos (des)governa. Quem diz um par de chapadas, diz um par de sapatos. Não admira que a mensagem de Natal do primeiro-ministro tenha sido lida de pé. É que não há cu que aguente. E nem sequer o do inventor do Magalhães. Além de que, não vá o diabo tecê-las, alguém poderia ter enchido o tampo da cadeira com pioneses como fazíamos na escola.

Isto sim, é pornográfico.

18 comentários:

mf disse...

Ó Bruno, este post está fabuloso... Eu só mandava, não um par de chapadas, não um par de sapatos, mas um par de botas de salto agulha. Era só ter pontaria... :)

Bruno disse...

Só me preocupa é a passividade com que encaramos e engolimos tudo o que nos põem à frente.

Ana GG disse...

Bruno, eu alinho na dos pioneses.

(INDIGNADA!!!! Foste tu, o Bruno deste post, que escreveu as barbaridades machistas de alguns, quase todos, posts anteriores?? De tal forma que me quase me apeteceu comentá-los "vai-te f**** ó Bruno")

Bruno, Bruno...ai, ai!!!!!

Bruno disse...

Ana, welcome a este cantinho. Os pioneses era capaz de ser boa ideia, mas agora com a invasão de Magalhães, creio que já nem quadros de cortiça existem nas escolas para dar uso aos pioneses. É tudo feito em Excel.

O Bruno deste post é o Bruno de todos os outros posts. Muito embora seja preciso notar que essas "barbaridades machistas" partem da voz de terceiros e isso é lá com eles. São personagens inseridas num determinado contexto e com ideias próprias, não necessariamente perfilhadas por mim. É uma ficção. Lá por Stanley Kubrick ter posto o Jack Nicholson a correr atrás de um puto com um machado, não quer dizer que ele fizesse disso o seu dia-a-dia.

Mas podes dizer, alto e bom som "vai-te foder, ó Bruno!" Aqui pode dizer-se tudo desde que não se ofenda ninguém. ;)

Ana GG disse...

UFFF...estou muito mais descansada!

Percebi que eram 3 personagens TERRÍVEIS, por isso comedi-me e não o "escrevi" em alto e bom som.

(Caramba, para o que te havia de dar)

Ana GG disse...

P.S. Apesar dos Magalhães ainda existem, felizmente, quadros de cortiça. Embora a tendência seja de facto para o Excel e afins.

Bruno disse...

Achas que são "terríveis"? Ainda não leste nada do que elas disseram. O melhor (ou pior, conforme a perspectiva) ainda estará para vir. O que vale é que são uma caricatura da realidade. Afinal, é isso que é a pornografia, a caricatura. De cada vez que ligo o televisor, de manhã, à tarde, à noite, sinto que estou no meio de uma pornochanchada. Estes são anjinhos ao pé das personagens reais que nos perseguem todos os dias. E não vale a pena referir nomes, tu percebes o que eu quero dizer.

mf disse...

Tu avisaste, num dos primeiros posts, mas podias pôr sempre no início um aviso do tipo 'Neste blog convivem vários heterónimos e são todos bem frescos!' ;)

Quanto à passividade, tens toda a razão. Cada um de nós é uma gota, mas todos juntos... O pior é que começo a achar que isto só vai lá à maneira grega. É que conheço imensa gente que já nem fala, só com medo das represálias. O que, a juntar ao aumento da violência, aos compadrios e à corrupção deslavada, dá cá um caldo...
E quem, como eu, acompanha de perto professores, fica ainda com outra preocupação: a julgar pelo que caminho que isto está a tomar, as próximas gerações vão ser quase acéfalas... Pão e circo bastava, para satisfazer o povo romano. Nós para lá caminhamos... O que não é um bom augúrio... :(

Bruno disse...

MF, olha boa ideia. Acho que vou pôr esse aviso em lugar de destaque. Não o: "Pão e circo bastam para vos satisfazer", mas o outro, que diz que neste espaço convivem diversas personagens bem frescotas.

O problema é mesmo esse, cada vez há mais medo de falar abertamente, e cada um funciona por si. Eu gosto de ter o meu cantinho, mas por vezes acções colectivas concertadas resolveriam muita injustiças. Este é, acima de tudo, um pais onde não há justiça.

Bruno disse...

Ana,

esta noite, enquanto fechava um olho e abria o outro à procura do melhor sono e do mais interessante sonho, fui pensando nessa questão existencial, e na frustração que tive por não teres concretizado o teu secreto intento de me dizeres "vai-te f****".

É que os comentários servem precisamente para isso, para comentar quando se concorda ou quando se fica indignado. Incomoda-me um bocado quando deixo um comentário discordante em algum blogue e toda a gente me cai em cima, como se eu fosse obrigado a ser uma espécie de sacristão de igreja e só pudesse fazer tocar o sino e repetir os Ámens.

As pessoas são geralmente muito pouco tolerantes quanto à opinião contrária. São mesmo ditadoras. Mas aqui pode dizer-se tudo, até mesmo apelar para que eu pondere exercitar entre mim próprio uma actividade sexual com penetração.

mf disse...

talvez por não haver justiça, há cada vez mais justiceiros a confundirem-se com delinquentes...

Gostei do recado à Ana GG. E do aviso, pois claro! :)

Ana GG disse...

Bruno, só agora li este recado, por isso não respondi na devida altura.

Não me estava a armar em puritana, muito menos indignada com o teor dos posts...para que conste, estava apenas a BRINCAR contigo.
Infelizmente Marcos Ribeiros é o que não faltam por este Portugalinho.

"Mas aqui pode dizer-se tudo, até mesmo apelar para que eu pondere exercitar entre mim próprio uma actividade sexual com penetração"
...Estiveste bem, tenho que confessar!!!!!

;)

P.S. Retiro o "vai-te foder ó Bruno"...passará a ser então "vai-te foder ó Marco Ribeiro"!
(não costumo manifestar-me neste linguajar, mas as circunstâncias assim o obrigam)

Bruno disse...

Tudo bem, Ana. O que queria dizer é que prefiro que comentem para dizer que não concordam (justificando). Eu gosto de partilha de pontos de vista. Mas também aprecio que discordem e o digam, e me façam reflectir sobre os assuntos. Nos blogues, quando comento em discordância com alguém, em metade dos casos os comentários são apagados. A intolerância anda à solta.

Gostei da tua observação inicial. Acredito que te sentisses mesmo indignada!

Beijinhos, e não te preocupes, não me magoas por me mandares àquela parte. São apenas palavras.

Ana GG disse...

Não te estava a mandar aquela parte, de todo! Era incapaz de o fazer.

Estava novamente a brincar, a tentar aliviar a tensão. Acabei de chegar à conclusão que o meu sentido de humor está de rastos, já para não falar da minha falta de tacto.
Desisto, vou-me reformar!

E agora, para ser simpática
beijinhos Bruno

Bruno disse...

Mas nunca entendi que tivesses sido antipática. Apenas disseste de tua justiça. Nem entendi que existisse qualquer te(n)são.

Achas que estás em baixo? Nem com as calças chouriço morcela que compraste?

Vai daqui o meu abraço de solidariedade. Beijos!

Ana GG disse...

A te(n)são gerou-se involuntariamente, não era essa a minha intenção.

Qual em baixo, qual quê!?
As calcitas de chouriço mouro deram-me forças redobradas. Quando entro na cabine telefónica e as visto ninguém me agarra.

heidy disse...

Li e assino em baixo. Andamos com a corda ao pescoço... já não conseguimos cortar em mais despesa nenhuma... porque estamos entalados por tudo quanto é sitio... e depois... lemos nas noticias "Sócrates compra casa por metade do preço"... BPN isto... BPP aquilo... "candidatura de Portugal e Espanha para o mundial tal..." e por aí fora...
Eu dava era um manguito À zé povinho pejado de alfinetes de dama... com ou sem fralda, com o respectivo conteudo. Esta ultima parte, seria à vontade do freguês.
Parafraseando o que tu disseste, andamos a ser fodidos à força toda... assumindo o papel de masoquistas... e nem piamos.

Bruno disse...

Heidy, obrigado pelo teu comentário. 2008 foi o espectáculo que se viu. Mas 2009 vai ser fantástico. Ou não houvesse eleições em catadupa. Talvez os políticos tenham a resposta que merecem. Muitos optarão por ir à praia nesse dia, mas acho que deveria existir uma ida massiva às urnas. E depois de lá estar, que cada um fizesse o que bem entendesse. Menos deixar a cruz em algum quadrado. Porque a oferta é fraca e acho que merecemos melhor.