16.8.09

Benfica campeão nacional de futebol

28 de Março de 2010

Em noite de festa anunciada, o Sport Lisboa e Benfica manteve os índices qualitativos e, a faltar seis jornadas para o fecho da Liga, confirmou sem dificuldades a conquista do seu 29º título de campeão nacional. Contra um Sporting de Braga sem soluções para suster o caudal ofensivo encarnado, aos homens de Jorge Jesus bastaram escassos minutos para desbravar o caminho que os levaria a uma vitória expressiva por 5-1.

Os encarnados entraram a todo o gás e bem cedo abriram o activo. Aos 3 minutos, já o inevitável Fábio Coentrão justificava o aceno milionário do Real Madrid, e aproveitava o passe em profundidade do central David Luiz para marcar o golo da noite. E que golo! De primeira, sem deixar o esférico embater no chão, o criativo das madeixas acobreadas desferiu um potente estrondo a trinta metros do alvo, sem permitir um esboço de defesa ao incrédulo guardião Eduardo.

A torrente ofensiva dos homens da águia não ficava por aqui. Quatro minutos volvidos, o melhor artilheiro de todos os campeonatos europeus fez também o gosto ao pé. Pedro Mantorras recuperou uma bola perdida a meio campo e mancou cinquenta metros na direcção da baliza contrária. Resistiu às investidas de metade da equipa arsenalista, e já sobre a marca de grande penalidade apostou ainda numa réstia de frieza para tornear o guarda-redes bracarense e ampliar a vantagem.

No banco, Jorge Jesus parecia tranquilo e ousava antecipar a festa. O técnico, que no início da temporada devolveu ao Benfica a mística e os títulos que há tanto fugiam, era o primeiro a abrir as garrafas de espumante e a iniciar as celebrações; bem a tempo de apreciar, à viragem para o minuto 22, o cruzamento certeiro de Carlos Martins para o bis de Pedro Mantorras. O angolano somava o golo 37 da Liga e recolhia os aplausos de um satisfeito Eusébio.

À beira do intervalo, com três golos de diferença e com os acontecimentos controlados, Jorge Jesus fez sair Fábio Coentrão para a entrada de Oscar Cardozo, mantendo inalterada a configuração do tridente defensivo, com Luís Filipe à direita, David Luiz imperial ao centro, e César Peixoto, à esquerda.

Jorge Jesus escusou-se a relacionar a saída de Coentrão com a oferta de 117 milhões de euros vinda do Real Madrid: “Isso são assuntos do forno interno clube, mas o que posso dizer é que o Fábio vale bem mais do que isso, vale pelo menos 118 milhões. Eles que amandem para cá o Ronaldo e o Kaká e depois a gente conversa... Eu se treinasse o Real, comigo mudava aos cinco, acabava aos dez”.

Os encarnados subiram para a segunda parte patenteando uma atitude diferenciada. O técnico das águias redefiniu a estratégia e colocou metade da equipa em tarefas de busca e salvamento do brinco de Vítor Baptista, desaparecido algures no tapete verde da Luz desde a década de 70. A opção técnica teve reflexos imediatos, com o Benfica a tirar vantagem da estupefacção dos jogadores do Braga, e com César Peixoto a fazer o 4-0 com um inapelável remate cruzado da esquerda.

O técnico bracarense, Paulo Bento, ainda apostado em alcançar o segundo lugar da Liga, lançou toda a carne para o assadouro e fez entrar Matias Fernandez, emprestado pelo Sporting, e o brasileiro Hulk, empréstimo do Futebol Clube do Porto. O Braga dispôs então de duas oportunidades soberanas, com o atento Joaquim Silva "Quim" a responder a bom nível. O guardião encarnado virou-se para a bancada de dedo em riste no nariz, gritando: “Toma... boa, boa, boa!!!”

Ao minuto 69 (curioso número, diria João Bosco Mota Amaral), Mantorras voltou a cabecear para o golo, respondendo afirmativamente ao cruzamento de Balboa. E o Benfica atingia uma mão-cheia de golos.

Os jogadores do Benfica faziam a festa dentro do relvado, uma vitória expressiva, que não terminou sem antes o Sporting de Braga ter apontado o tento de honra, um golo de Meyong, facilitado pela passividade da defesa encarnada, com grandes responsabilidades do guarda-redes Quim, hesitando na saída ao cruzamento de Hugo Viana.

O árbitro Lucílio Baptista cerrou o punho e apitou para o final da partida. Nas bancadas cantava-se: “campeões, somos campeões”. Jogadores e staff encarnado invadiram o terreno de jogo e seguiu-se festa rija.

UMA VITÓRIA DO CRER E DA SUPERSTIÇÃO

O descanso foi aproveitado pela nação benfiquista para fazer a festa nas bancadas. Do Terceiro Anel nasciam ondas mexicanas e partiam os cânticos de um dos mais emblemáticos hinos encarnados, “Sou Benfica”, da mítica banda VHS, ou pelo menos do tempo dele.

“Estiveram aqui pelo menos 70 mil espectadores”, conta João Gabriel, director de comunicação do Sport Lisboa e Benfica, “pelas nossas contas cerca de metade seguiu a nossa sugestão e trouxe o clássico peugozinho branco. Tratou-se de um pedido expresso do nosso treinador, Jorge Jesus.”

Ao que pudemos apurar de fonte segura, a grande maioria destes peúgos surgiu calçado nos muitos emigrantes que acorreram ao estádio, e que, mesmo sem se aperceberem, respondiam assim aos chamamentos de Jesus: "O branco empurra a equipa para a frente", podia ler-se num cartaz colado à porta do balneário encarnado.

Mas nem só o branco empurrou os encarnados para o título: “A vitória neste campeonato foi bastante salgada”, confessou Jeremias, o roupeiro da equipa. “Em todos os jogos, o mister lá nos pedia para salpicarmos os bancos dos jogadores no balneário com sal de cozinha, era para dar sorte”, adiantou, “houve um jogo em que nos esquecemos, e nesse jogo só ganhámos por 2-0, ao Sporting, a dez minutos do fim.”

UMA ÉPOCA SEM MÁCULA

A classe e a superioridade encarnada cedo começaram a desenhar-se. Tudo começou, recorde-se, a 16 de Agosto do ano passado, com goleada sobre o Marítimo (4-1). A equipa de Jorge Jesus não deixou dúvidas da sua superioridade em todos os jogos da temporada, com Fábio Coentrão como o grande motor de uma equipa em que Mantorras e Luís Filipe foram outros dois destaques.

A lesão de Aimar logo à 2ª jornada comprometeu toda a época do argentino, num Benfica que não pode contar com um Cardozo ao melhor nível. O paraguaio somou apenas quatro tentos até ao momento. Saviola não fez a diferença e foi dispensado a meio da temporada para um aflito Belenenses. Javi Garcia entrou a bom nível, mas o rendimento do espanhol foi-se atenuando e a titularidade perdida para a classe de Balboa.

ESTÁDIO ENGENHEIRO LUÍS FILIPE VIEIRA

Esta foi uma época marcada pela mudança e pelo regresso da mística. Em Janeiro, depois de uma goleada histórica sobre o Futebol Clube do Porto (6-1, com quatro golos de Pedro Mantorras), um grupo de sócios sugeriu a alteração do nome do recinto dos encarnados. A solução foi referendada e recebeu aprovação de 98% dos benfiquistas. Em Fevereiro era reinaugurado o Estádio Engenheiro Luís Filipe Vieira, com uma vitória retumbante sobre o Manchester United, por 3-0. Desde então, nunca mais os encarnados perderam ou empataram qualquer jogo em casa.

SPORTING E PORTO DESCEM DE DIVISÃO

Sem surpresa, Sporting e Futebol Clube do Porto, entretanto já relegados para a Liga de Honra, não quiseram tecer comentários à vitória das águias no campeonato. “Está evidente que vamos ter um clube português que vai ganhar a Liga dos Campeões nos próximos cinco anos”, ironizou Pôncio Monteiro. O presidente portista lembrou ao Benfica que “para chegarem ao palmarés internacional do Futebol Clube do Porto ainda têm de lançar muito sal no balneário”.

Ao fim da primeira volta, o emblemático presidente portista apresentou a demissão. Pinto da Costa saiu depois de uma derrota para a Taça de Portugal contra o Sporting da Covilhã, com o Porto a ocupar então a 10ª posição da Liga. Terá dito na altura que tencionava fazer um upgrade e presidenciar um clube ganhador como o Sport Lisboa e Benfica. Os teóricos dividem-se quanto ao cariz irónico ou não da frase do presbítero das Antas. Freitas Lobo diz que sim, Rui Santos acha que não. As votações estão abertas na Hora Extra e o povo português é que vai decidir.

O Sporting iniciou a temporada com 17 empates consecutivos e hipotecou as hipóteses de lutar pelo título, comprometendo mesmo a manutenção no escalão maior do futebol português. Paulo Bento foi dispensado, rumando a Braga, e nem a contratação milionária de José Mourinho valeu para a sobrevivência dos leões.

SELECÇÃO NO MUNDIAL POR CONVITE

O convite já foi endereçado à Federação Portuguesa de Futebol. A FIFA vai abrir uma vaga extra no mundial da África do Sul que permitirá a participação da selecção portuguesa, eliminada na fase de qualificação. A selecção portuguesa deverá participar a título extraordinário no mundial de futebol da África do Sul. É um facto inédito, a presença de uma 33ª selecção resulta da pressão exercida pelo presidente do organismo máximo do futebol mundial, Joseph Blatter.

“Seria uma pena não ter jogadores da classe de Luís Filipe, Fábio Coentrão, Ruben Amorim, César Peixoto ou Carlos Martins na maior montra mundial do futebol. Acho que se justifica a participação de Portugal nesta competição”, respondeu o presidente da FIFA em bom português.

O novo seleccionador nacional e também técnico do Benfica demonstrou no final do Benfica - Sp.Braga a satisfação: “vamos lá para demonstrar o nosso valor, ou o dobro disso", lançou Jorge Jesus. "No futebol, nada está aberto e nada está fechado. Vamos lá para ganhar a competição, vamos lá para massacrar, ou o dobro disso. Nem que seja na Playstation. Ponham-se a pau c'a gente!”

5 comentários:

afectado disse...

Muito bom post, fartei-me de rir. Tens aí algumas caricaturas muito bem conseguidas...

heidy disse...

Bruno,

Assim vale a pena voltar a comentar no teu blog. Eu como benfiquista assumida... ver o Porto descer à divisão de honra... coitados! Não! Deixa estar. Depois com quem é que iriamos refilar? Hummmmm?
Só espero que se aguentem nas canecas este ano. E sugiro uma ida colectiva ao oftalmologista. Isso sim é lacuna que vem desde a saida do Erickson! :(

Bruno disse...

O Benfica só não vai ganhar tudo esta época (incluindo a Liga dos Campeões... a UEFA vai perceber que o futebol do Benfica tem de estar na Champions e vai convidar o Benfica para participar na segunda fase), se:
1. não tiver sorte.
2. Os árbitros gamarem o Benfica.
3. uma onda de lesões abater-se sobre o plantel encarnado.
4. a cabeleireira do Jesus e o Fábio Coentrão entrar em greve.
5. esgotar-se o stock de sal de cozinha no supermercado Horta da Luz.
6. O Porto não deixar.

De resto, o Benfica tem todas as condições para ganhar tudo esta época. E sempre a massacrar. Ou o dobro disso.

heidy disse...

lol Sabes de uma coisa? sinto-me quase com os sintomas sportinguistas do "é este ano"! lol Só falta comprar creme para a desidratação que o constante esfregar de mãos origina. Possa! Mas será que nem com a santissima trindade as coisas vão para a frente? será que temos de desenterrar o macumbeiro para que ele meta os pés no estádio de modo a quebrar o enguiço? Enfim... vá toca a rezar aos anjos e santos.. muitos terços... promessaas de idas a fátima... missas cantadas em latim... vale tudo! Macumbas africanas contra os adversários... não quero saber! lol

Anónimo disse...

ATE QUE ENFIM VEJO UM BLOG ESCRITO POR ALGUEM QUE ENTENDE DE FUTEBOL

PARABENS E OBRIGADO