23.12.09

Feliz Navidad, diz ele em grego

A partir de agora, Cristiano Ronaldo deixa de ser o melhor do mundo, para ser o melhor europeu do mundo.

16.12.09

Descubra as diferenças...



Um filipino... Um português... Porque, afinal, até foi um português que descobriu as Filipinas...

Avatar em 3D

Fui assistir à antestreia do novo filme de James Cameron, deram-me para as mãos um par de óculos que me puseram com um aspecto que mais parecia o Roy Orbison e lançaram-me para dentro do universo da estereoscopia cinematográfica. Dizem eles que isto é o futuro, que a partir de agora vai ser sempre assim. Dizem eles que este filme estará para o cinema como o Magalhães esteve para o sistema de ensino português, seja lá o que for. Não, eles não dizem isso. Eles nem sabem o que é o Magalhães.

Depois de quase três horas de nariz para o ar a ver figuras e objectos serem disparados na direcção dos meus braços, diria que a fórmula se esgota em alguns aspectos primordiais: os truques de Cameron para criar a ilusão de profundidade são repetitivos; assistir a um filme 3D numa tela de cinema de dimensões limitadas à parede frontal da sala é a mesma coisa que ouvir uma sinfonia de Beethoven tocar num rádio de loja chinesa.

Quanto ao resto: o enredo é uma fábula relativamente fraca.

13.12.09

Benfica e o génio de Jorge Jesus

O Benfica joga, o Benfica goleia, mas no meio do tango dançado a compasso pressente-se um volteio de tragédia: para Jesus, o título nacional é cada vez mais uma miragem.

O Benfica arrisca passar o Natal no terceiro lugar do campeonato, atrás de Sporting de Braga e Futebol Clube do Porto. Muitos serão levados a questionar que motivos profundamente irracionais levam o adepto benfiquista (aquele adepto tão dado a viajar entre estados de fúria e momentos de êxtase), desde uma fase tão precoce da temporada, a manifestar uma histeria tão desmedida e um elogio unânime e inquestionável ao cavalo branco, Jorge Jesus. Estranho a euforia que reina nas hostes encarnadas e os epítetos com que a visão acrítica da imprensa desportiva cataloga o desempenho dos jogadores do Benfica nesta edição da liga.

Na próxima jornada o Futebol Clube do Porto visita Lisboa. Uma vitória dos azuis empurra o clube do milhafre para o lugar mais baixo do pódio. Se nos lembrarmos que na época passada o Benfica conquistou o título fátuo de campeão de Inverno – uma evolução daquilo que tinha sido nas épocas anteriores o abono familiar do museu encarnado, a recorrente conquista do título de campeão do defeso –, é lícito concluir que, em período homólogo, a performance do mal-amado Quique Flores quedou-se uns valentes furos acima do desempenho, para já vago, do idolatrado Jorge Jesus. Na última temporada, Quique Flores chegou ao final da primeira volta em primeiro lugar; este ano, Jorge Jesus arrisca-se a ultrapassar a metade da época numa pouco prestigiante e frustrante terceira posição.

Não há que enganar: se um se destaca pelo intenso esbracejar, por mascar maços inteiros de pastilhas super-gorila de uma forma quasi desbragada, já o espanhol, senhor de patilha grossa e filho de boas famílias, distinguia-se pelo porte fleumático, que em Portugal o terá levado a conquistar uma Taça da Liga com o peito, e uma Orsi com um par deles.

A fauna benfiquista está em alerta, mas, passe o que passar, a tribo dos pastilhas já conquistou o seu campeonato, e Jorge Jesus um lugar na História. Se o Futebol Clube do Porto vencer no próximo fim-de-semana no Estádio da Luz, todos têm razões para ficar contentes. O FC Porto porque arrisca ser líder, o Sporting de Braga porque pode manter-se em segundo lugar lutando por uma posição de acesso à Liga dos Campeões, o Benfica porque o terceiro lugar é um dos primeiros da fila e a equipa está a jogar um futebol brilhante à Mister Jesus... e o Sporting porque se mantém acima da linha de água.

Há fenómenos que eu não entendo. E um deles é este, o de encomendar com esta antecedência as faixas de campeão, mesmo antes sequer do meio da temporada.

Nota final: das bancadas do Estádio do Dragão, os petizes gritam para dentro do relvado, chamam pelos ídolos, chamam pelo Hulka!

(para quem não gostou nada do que leu neste texto, pode sempre espreitar este outro em que me entretive a escrever apenas maravilhas sobre o Benfica.)

11.12.09

O olhar das palavras

A beleza das minhas palavras confunde-se com a estranheza dos teus olhos. Nem sempre é assim. Quantas vezes sou levado a reconhecer a estranheza das minhas palavras e me despisto na beleza dos teus olhos?

Catching the big fish

“As ideias são como o peixe. Se queres apanhar o peixe miúdo, basta permanecer próximo da superfície. Mas se queres apanhar peixe graúdo, então precisas mesmo de mergulhar em águas profundas.”

in Catching the Big Fish: Meditation, Consciousness, and Creativity de David Lynch


Hoje estou em apneia...

10.12.09

Jorge Colombo, arte na ponta dos dedos

aqui tinha deixado uma referência ao mérito do artista português Jorge Colombo, autor de diversas capas e outros trabalhos para a revista New Yorker. O reconhecimento vem agora da parte de outra publicação norte-americana. A prestigiada Time distingue a capa de Junho da New Yorker como a segunda melhor de 2009. Parabéns!

2.12.09

O prefácio do proémio

Excerto do texto introdutório do livro O Grande Primo, a primeira novela da blogosfera real. O download deste ebook pode ser feito gratuitamente aqui.

«A ideia do proémio, confesso-o, mantive-a até ao derradeiro instante no rascunho que deu vida a esta espécie de pecado original. Era o que melhor me soava, havia nele algo que lhe conferia proximidade humana: Noémio, o boémio. Mas a proposta, que eu julgava um recurso final irrefutável, acabou por ser alvo da rejeição do meu editor, por ausência, dizia-me, de fôlego comercial:

“Um gajo abre o livro nesta página, lê o cabeçalho da tua introdução, fica a rir-se de ti e prefere ir ler os plágios dos outros”, concluía o homem, franzindo o sobrolho e mascando uma chicla, enquanto pegava noutro dos muitos manuscritos que diariamente aterravam na sua mesa de trabalho:

“Coma”, disse-me ele.

“Não tenho fome”, respondi.

“Nada disso: Coma, o próximo grande sucesso mundial, depois de 2666”, explicou-me, apontando o dedo para o nome do autor daquele esboço de obra-prima: Abrunho Plagiehr, o temível auto-intitulado Escritor da Wikipedia

1.12.09

Verdades e consequências

Aprendemos a acreditar nas pessoas, mesmo reconhecendo que todas escorregam no engodo da falta de verdade quando se lhes escapa a mão.

Não sei se tu és, mas eu não cultivo esse hábito. Não tenho o costume de fugir à verdade. Tenho com ela uma relação estimada, muito próxima, quase carnal. Somos amantes inseparáveis, acicatamos frequentes burburinhos sexuais mútuos, somos a carne de um e a unha do outro, e só nos chateamos quando eu preciso mesmo dela e ela me foge numa criminosa isenção de auxílio à vítima. Com a outra, não me dou nada bem. É uma amante desprezível, com a qual não consigo fomentar qualquer outro sentimento que não o de repulsa, a resvalar para os compartimentos do ódio. A verdade é doce. A irmã é acre. Infelizmente, provo-a com a certeza de que deveria estar imune aos receios que ela me traz.

25.11.09

Não poderia estar mais de acordo...

... ou talvez pudesse. Mas o que li chega para me levar a assinar por baixo.

A Onda do Blogueiro Marionete

23.11.09

A Ministra da Educação e os megabytes

Poderá ter sido uma tentativa de humor frustrada, ou uma inocente assumpção de ignorância quanto às novas tecnologias. O que cada vez mais percebo é que existem matérias sobre as quais um político não deve correr o risco de gracejar. Porque, inevitavelmente, ou sai asneira ou resvala para o ridículo.

"Entre o 5º e o 12º ano foi garantida a ligação banda-larga, alta velocidade, pelo menos 64 Megabytes... francamente, não percebo muito do que é isto... mas sei que é bom" (risos na sala)

Isabel Alçada, Ministra da Edudação



Se por um lado foi ridículo confessar que não entendia nada do assunto, por outro lado a ressalva fê-la escapar ao ridículo ainda maior que seria confundir 64 Megabits por segundo com 64 Megabytes por segundo. É que, na verdade, a ministra deveria ter-se referido a Megabits e não Megabytes (como erradamente o fez), mas como assumiu que não entendia nada do assunto acaba até por não ser tão grave.

Ridículo por ridículo, mais vale vender o peixe e dizer que é bom, mesmo deixando claro que não se percebe absolutamente nada do que se está a vender.

22.11.09

Massive Attack em grande no Campo Pequeno





















Era um dos concertos mais aguardados do ano. E não defraudou. Os Massive Attack estiveram em grande. Novos temas, novo álbum (depois de 7 anos sem gravar, Hell-Ego Land sai em Fevereiro). E não me lembro de ter visto um espectáculo deste género com uma componente cénica e de iluminação tão surpreendentes. Esta espécie de trip-hop de intervenção dos Massive Attack volta hoje, domingo, ao Campo Pequeno. Quem não viu, aproveite...




(foto e vídeo retirados da página dos Massive Attack)

21.11.09

Orquestra de peidos

«A mensagem publicitária consiste na exibição de um pequeno filme de banda desenhada, cujo mote principal são vários traseiros que flatulam livremente. Para ilustrar a flatulência, nuvens de gases saem dos traseiros, acompanhadas de sons associados a flatos e sons de instrumentos de orquestra. Alguns traseiros surgem também a “tocar” clarinetes e trompetes.

Numa caixa de texto no centro do ecrã lê-se: “PEIDOS”, enquanto na lateral esquerda do ecrã encontra-se uma representação figurativa (animada) de um telemóvel que expõe o número ****. Na parte superior do ecrã exibe-se o seguinte texto (animado): “**** *********”. O narrador (timbre de voz infantil), em voz off, anuncia o serviço: “Já ouviste a orquestra dos peidos? Vais pôr toda a gente a rir! Pede já e tens mais todas as semanas. Envia peidos para o…”»

Excerto da deliberação do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre o anúncio publicitário a Orquestra de Peidos, que gerou a indignação de pelo menos 4 pessoas atentas e preocupadas, por entenderem que na televisão portuguesa não se pode falar nem de peidos, nem de traques ou bufas, não ficando claro se admitem a abordagem pela perspectiva mais distante da gíria e mais próxima do registo familiar, com recurso por exemplo à expressão digna e casta pum, uma abordagem vicentina que como é sabido não ofende ninguém.

O chofehr que nos conduz até Jinga

10.11.09

Por Tudo e Pornada declara-se em fase Jinga

Todos os detalhes, para escutar neste anúncio da gerência:

A sustentar calinadas no 24 Horas há mais de 1300 euros

É sempre com um enorme prazer e uma não menor expectativa que chego ao meu posto de trabalho na segunda-feira de manhã e me lanço sobre a edição do jornal 24 horas. Ele determinará o que posso ou não esperar da minha semana.

Se a edição de segunda-feira alcançar o nível desejado, então a minha semana será elevada aos píncaros da espectacularidade. Se estiver mal concebida, mal enjorcada, fechada à pressa e pejada de equívocos e de fotografias de agência ou de festas com personagens-que-ninguém-conhece-só-para-encher-papel, então a minha semana vai com toda a certeza ser uma merda.

E esta segunda-feira não fugiu à regra. Cheguei ao local de trabalho, descalcei os chanatos e pus os pezinhos ao fresco dentro de duas socas Birkenstock.

Folheei então com agrado as páginas iniciais do pasquim-vinte-e-quatro-horino... aquela história fantástica do Jorge Jesus ao lado do Cróife, desenterrada do cemitério das histórias ocultas do futebol português, nem o Stóitjecóve se lembrava da personalidade fulgurante do nosso JJ. Só acho relativamente abusivo dizer que aquele estágio em Barcelona transformou a carreira do Jorge Jesus. Isso não é factual, e acho que o jornalismo deve guiar-se pela busca do que é concreto, mas isto sou eu que digo, que nada entendo dessa profissão de artistas bem pagos e com vidas de glamour e ostentação.

Bem me esforcei, mas o dia não estava para grandes leituras. Até porque logo na primeira página fui tocado pela comoção, depois de ter lido a frase do Rogério Samora, acerca da morte da avó no mesmo dia em que ele completou 50 anos, quando diz: "Se não fosse ela, talvez eu não tivesse nascido". Se não fosse a avó dele, o RS não teria nascido. E se o Rogério Samora tivesse rodas... seria um segway. E isto sim é factual.

Era este o cenário que estava traçado para a minha manhã quando tentei mergulhar a fundo nas primeiras páginas do 24 Horas.

E devo confessar que fiquei ainda mais confuso quando, na página 28, choquei de frente com um texto sobre os "humoristas" do Telerural. Eles queixam-se do provedor do telespectador da RTP.

Até aí tudo bem, até os humoristas do Telerural têm o direito a manifestar-se num jornal de referência como o 24 Horas. O 24 Horas não pode ser apenas um repositório de notícias sérias ou de aprofundadas análises sobre a conjuntura económica internacional, nem pode ser apenas um palco de extensas dissertações sobre o universo cultural de elite da RTP2. É preciso alargar o espectro e saber chegar a todos os públicos.

É por isso legítimo questionar o subtítulo desse texto, que revela que os guionistas do referido programa estariam descontentes com o Provedor do Telespectador, espaço conduzido por um "paquete". Tentei perceber se estariam a falar de um "paquete", um navio de grandes dimensões, que circula entre as Caraíbas, o Mediterrâneo, e o arquipélago da Madeira... ou se o "paquete" que conduz o tal programa do Provedor seria um "paquete" daqueles que distribuem encomendas ou são pagos à jorna para fazerem recados. Uma espécie de Bruno Fehr mas com miolos na caixa encefálica em vez de titica de galinha ou de laudas de referências googlianas amarfanhadas em bolas de papel. Consegui perceber que o "paquete" a que se refere a notícia é o paquete do Oliveira, o que me deixou na mesma. Verifiquem lá isso, e depois digam-me quem ou o que é o tal paquete, para eu tentar entender o que se passa.





























Mas mais perturbado fiquei quando saltei para a chamada zona VIP... Aquela em que surgem as pessoas ditas bonitas, espectaculares, as pessoas "tásse" (de tásseachandoumagrandemerda). No canto superior esquerdo da página 38 aparece a fotografia mais enigmática de toda a edição do 24 Horas: o garboso jornalista da TVI, Sousa Martins (não confundir com aquele que comunica directamente com a Pomba Gira Linda Reis, e que tem direito a estátua no Campo de Santana, junto à Faculdade de Medicina), acompanhado de alguém do sexo masculino com aparência bastante "alternativa"...

A legenda mostra um enigmático "O jornalista da TVI, Sousa Martins, foi com a namorada Marta Wahnon ao aniversário do Joalheiro Gil de Sousa".
























Não acham a legenda só um bocadinho desadequada? Onde está a Marta Wahnon? Será esta personagem que está agarradinha ao Sousa Martins? Estará no bolso deste homem que, entre outras coisas, faz também broches? Não percebo, sinceramente.

É que dar 75 cêntimos todos os dias para ficar neste estado de confusão está a sair-me caro: por mês são 22 euros e meio, o que perfaz ao longo de um ano 270 euros, o que ao longo de cinco anos dá mais de 1300 euros. Meus amigos, eu não ganho para sustentar as vossas notícias que deixam por esclarecer aspectos fundamentais da vivência humana e que determinam o karma de uma semana de trabalho, e não esperem que vos mande levar no "paquete", amanhã estarei de novo com mais 75 cêntimos a voarem da carteira à espera de novas surpresas, novos karmas, novas viagens.

5.11.09

Jorge Jesus, Rui Santos e o picaretismo falante

É a primeira vez que vejo um treinador sentado no banco com um cachecol do próprio clube ao pescoço. O Jorge Jesus arrisca-se a cair no ridículo, e pelo andar da carruagem o Benfica arrisca qualquer dia ter o Barbas no banco a dar instruções.

Quando ao Rui Santos, fica provado que se esqueceram de ensinar o senhor que a grande virtude (virtualidade, como ele diz) de um comentador de jogos de futebol é saber ficar calado. Assistir a um jogo de futebol com uma picareta falante constantemente a martelar nos ouvidos é, deixam-me que vos diga, uma tortura. Suplico por alguns segundos de silêncio. Apenas isso... Porra!

4.11.09

Não há coincidências

Os meus olhos viraram-se para uma das prateleiras cá de casa onde estão arrumados alguns livros – grandes, pequenos, altos, baixos, magros, gordos. Sem se fixarem em nenhum atributo em particular, viajaram pelas lombadas daqueles edifícios moribundos como dedos que escorregam felizes pelas oitavas de um teclado de piano.

Agarrei ao acaso no Até Onde Se Pode Ir?, do escritor britânico David Lodge, romance que nos transporta até à epopeia de um grupo de jovens durante a época da libertação sexual na Grã-Bretanha, acompanhando as dores de crescimento de uma geração atormentada por fantasmas do passado e assustada com os desafios de futuro. Abri o livro, folheei-o, e recuperei à memória a sensação da leitura original.

Na primeira página, uma anotação pessoal e a data da aquisição do livro: 3 de Novembro de 1998. Precisamente onze anos haviam passado. E ao folhear Até Onde Se Pode Ir?, também eu recuei àquele tempo, acossado pelos fantasmas do passado, e lá chegado, assombrado pelos desafios deste futuro que já se cumpriu.

Comprar um livro, concordem ou não, é um acto de paixão. A afecção conduz à ilusão do sentimento, que pode desfazer-se ou agudizar-se nas voltas do texto. Os livros acompanham-nos em silêncio, e embora muitas vezes possamos não ter sequer tempo para eles, ali permanecem sempre disponíveis, como frutos a pender da árvore, à espera para serem colhidos, digeridos. São, de facto, os nossos melhores amigos.

Pipoca e língua: duas impossibilidades teorico-práticas

Existem poucas coisas mais incomodativas do que comer pipocas doces e ficar com um valente pedaço de casca de milho colado numa zona inacessível da língua.

31.10.09

Vão roubar prá estrada!

Uma pechincha: 60 euros para ver o Sporting de Braga - Benfica. Eu pergunto se o Messi ou o Thierry Henry vão fazer uma perninha no Braga, ou se o presidente da SAD do Braga contratou o Bono para cantar no intervalo? Já vi no metropolitano formas mais simpáticas de ir ao bolso de um distraído (ainda lhe devolviam os documentos). É que pagar 60 euros e ter de levar com isto ao intervalo, só mesmo para quem anda muito distraído ou para quem demonstre uma muito boa vontade. Há um momento neste vídeo que me deixa desarmado, é quando lá em fundo se ouve um índio que ruge um enigmático: "vai pra casa, ó espanhola!"

Armando Vara e Dias Loureiro - similitudes

Ambos são arguidos em processos relacionados com o sistema bancário português, ambos desempenharam funções governativas na pasta da Administração Interna, ambos foram protagonistas durante o bloqueio da ponte, a 24 de Junho de 1994. E embora seja mais difícil encontrar um bem em nome de Manuel Dias Loureiro do que dados sobre o percurso académico de Armando Vara na Universidade Independente, é garantido que ambos auferem um pouco acima do salário mínimo. E ambos aparecem um ao lado do outro nos Painéis de São Vicente, do pintor Nuno Gonçalves. Procurem aqui (ou in loco no Museu Nacional de Arte Antiga).

28.10.09

A mão do Benfica

A história do Benfica é fértil em fenómenos da genética difíceis de explicar. Depois de um jogador com três dedos (Shéu Han) e de um outro com seis (Álvaro Magalhães), o Benfica encontrou agora um treinador com quatro dedos: Jorge Jesus.

E para os lados da Luz aquilo anda meio complicado é para conseguir que o Aimar se mantenha em pé por muito tempo. Porventura algum problema no ouvido interno, quiçá sintomas primários da doença de Ménière.

10.10.09

Jinga vai arrombar...

Apertem os cintos, cambada, é que já não falta muito para entrarmos na era de Jinga!

2.10.09

Mui breves notas de viagem

  • Ontem cruzei-me com o carro do Google Street View. Andava numa estrada nacional, algures entre Vouzela e São Pedro do Sul.

  • O que é mais prioritário? Uma auto-estrada entre Viseu e Vila Real (que já existe) ou uma entre Coimbra e Viseu (que tarda)? Ou ambas? Ou será que uma terceira ligação em auto-estrada entre Lisboa e o Porto?

  • E por falar na Invicta, duvido que exista um panorama das cidades do Porto e de Gaia que seja tão inspirador como o que tenho deste 20º piso, uns bons 60 metros acima do chão.

  • Para não variar, o Porto está hoje envolvido naquela irritante neblina que não cobre nem sai de cima.

  • Com este, entre fins-de-semana, férias e viagens de trabalho, já vão 18 hotéis este ano.

  • Isto quer dizer que em nove meses, seis semanas foram passadas fora de casa.

Siga para Jinga!

28.9.09

A declaração de Cavaco

O que poderá o Presidente da República dizer na sua declaração à comunicação social, ninguém sabe. A minha expectativa é que diga a verdade. É isso que devemos esperar dele.

Nada se sabe sobre o teor da intervenção de Cavaco Silva, mas esta poderá incidir sobre:

1. O PS foi o partido que conquistou mais mandatos parlamentares, no cumprimento do que está expresso na Constituição o Presidente anunciará que vai chamar José Sócrates e convidá-lo a formar governo.


2. As notícias publicadas nos jornais, e que aludem a uma alegada vigilância à Presidência da República, não têm qualquer fundo de verdade.

Qualquer outro que seja o teor da declaração presidencial - admitindo, por exemplo, a existência de suspeitas sobre vigilância a Belém, o que será bastante improvável -, significará a abertura de um conflito institucional sem precedentes na História da democracia portuguesa. Não o faria numa declaração ao país.

A mensagem poderá servir a Cavaco para medir o pulso aos acontecimentos, tendo em vista a recandidatura, mas pode mesmo suceder que Cavaco deixe no ar a sua indisponibilidade para um segundo mandato em Belém.

Seja como for, qualquer dos dois pontos acima citados fragiliza o Presidente. E a falta de um esclarecimento cabal sobre o assunto da vigilância será a morte do artista.

Resumindo, qualquer que seja a postura presidencial perante qualquer dos cenários, Cavaco Silva está tramado.

Resta saber quem urdiu a trama. Mas esse é um esclarecimento que certamente não será a Presidência a revelar.

27.9.09

A visão futurista de Fernando Rosas

Um dos grandes momentos desta noite eleitoral foi o discurso do bloquista Fernando Rosas. Sim, senhor! Foi de valor!

Não é que num rasgo de audácia centralista, o deputado eleito do Bloco de Esquerda chamou aos Açores e à Madeira: "Ilhas Adjacentes" (que por acaso era a designação que lhes era dada no tempo da "outra senhora").

Assim se ensinavam os petizes de então, no tempo em que a Cartilha Maternal de João de Deus pontificava nos tampos inclinados das secretárias de tantos estabelecimentos de Ensino Primário, naquele tempo da nossa História em que o Império se estendia do Minho a Timor... Com que então "Ilhas Adjacentes", sim senhor!

Um mero lapsus linguae ou apenas vícios antigos? Será esta a primeira medida de entendimento entre o novo governo socialista e o reforçado grupo parlamentar do Bloco de Esquerda? Veja lá isso, senhor Rosas, não queira tranformar a plataforma continental adjacente num pólo centralista das elites...

25.9.09

Eleições

Isto não é uma sondagem, nem sequer uma projecção, apenas uma previsão:

PS - 33-35
PSD - 31-33
CDS - 9-11
PCP/PEV - 9-11
BE - 8-10
MEP - 1-2

outros - 2-4
BRANCOS/NULOS - 4-6



Putativo Elenco Governativo

Primeiro-Ministro - José Sócrates
Ministro das Finanças - Teixeira dos Santos
Ministra da Educação - Isabel Alçada
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Carlos Zorrinho
Ministro da Cultura - Elísio Summavielle
Ministro da Economia - Murteira Nabo
Ministro da Juventude e do Desporto - Laurentino Dias
(Sec. Estado do Desporto - Olegário Benquerença)
Ministro da Administração Interna - Júlio Pereira
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações -???
Ministro da Agricultura e Pescas - Fernando Serrasqueiro
Ministro do Ambiente -???
Ministro da Defesa -??? Severiano Teixeira ???
Ministro da Justiça - Pedro Silva Pereira
Ministro dos Negócios Estrangeiros -??? Gomes Cravinho ???
Ministro da Saúde - Francisco George

outros ministeriáveis:
Idália Moniz
Fernando Serrasqueiro
Ana Paula Vitorino
António Vitorino

Passagens de Lisboa #6

A delicadeza é efémera, os gestos contundentes, as palavras demoradas. Esquece o instante, perdida no artesanato das letras e engolida na arqueologia da escrita como a vontade de uma personagem que não sabe o trajecto da sua história. Rodeia-se da construção do momento para justificar o erro da memória sem futuro.

O sorriso é órfão. Um filho sem lembrança do passado, à procura de uma herança de futuro. Um cigarro inflamado preso aos seus dedos. E a sabedoria que se esconde por detrás daquela dor incandescente, como quem não ousa revelar e apenas persiste na evidência de um contorno. Assim é Lisboa, paciente, à janela dos dias a ver quando chegam os incertos de Outono. E sempre chegam...

22.9.09

O artista português



Uma das publicações que leio religiosamente desde 2001 é a New Yorker (a tal revista que serviu de inspiração telúrica a Clara Pinto Correia para um dos mais estonteantes plágios fehrianos que fizeram História na imprensa portuguesa).

E sabem que mais? A capa da edição desta semana é uma vez mais de um português. A concepção e realização do trabalho saiu literalmente dos dedos de Jorge Colombo, um artista frenético. E eu dou-lhe os parabéns pelo resultado.

Somos punks ou quê!?

O Punk já não é o que era...

Muitos fãs estarão porventura chocados e outros até já terão feito em pedacinhos os cartões de sócio do clube de fãs.

Este fim-de-semana, a TV7Dias escancarou imagens comprometedoras de Tim, o mítico baixista e - há até quem diga - vocalista da histórica banda Xutos e Pontapés.

Nessas fotos, Tim (que é mais ou menos o nome que todos os punks ambicionam ter) aparece às compras de mão dada com a família, com umas sandálias de ir ao pêssego e umas calças de gosto duvidoso em tom amarelo, pejado de cornucópias que aparentam floreados.

Mas o que e isto!? Mas o que é isto, meus amigos!?

Somos punks, ou somos pinks?



Neste vídeo do programa de hoje dos Gato Fedorento, Tim (o pink) surge ao minuto 9:00 tecendo uma muito pessoal análise ao estado da campanha...

Mas chamo a atenção para o que está antes: ao minuto 8:25, José Sócrates surge em acção de campanha, colando-se ao discurso proferido 14 anos antes por Durão Barroso (8:30).

Plágio fehriano ou apenas convergência política?

21.9.09

Senhor Engenheiro

Não percebo a insistência no tratamento dado ao primeiro-ministro, secretário-geral do Partido Socialista e candidato a chefe do governo por "Senhor Engenheiro".

Em contraposição, por exemplo, à forma de tratamento dado ao secretário-geral do Partido Comunista, Jerónimo de Sousa, por "Senhor Jerónimo".

Quando, na verdade, um é tão Engenheiro quanto o outro.

Ele é "Senhor Engenheiro" para aqui, "Senhor Engenheiro" para ali, "Senhor Engenheiro" para acolá.

Tecnicamente - que não subjacente à anglofonia técnica do interlocutor - José Sócrates não é Engenheiro.

Teria, para tal, de estar inscrito e vinculado à Ordem profissional correspondente, sujeito a quesitos e prova de admissão, como tantos engenheiros civis, electrotécnicos, navais, químicos. Com trabalho efectivo nas respectivas áreas. Licenciados. Em dias da semana. Úteis.

Para os outros casos, de gente habilitada com o diploma de bacharel, ou até mesmo licenciados mas não inscritos na Ordem profissional, sugiro a criação de uma Ordem dos Engenhocas.

"Senhor Engenhocas" para aqui, "Senhor Engenhocas" para ali, "Senhor Engenhocas" para acolá...

Engenheiro Bruno Costa

20.9.09

Isto é contigo!

Amigo: se tens ambições em chegar a Jinga, se o teu sonho é um dia num jantar de amigos poder dizer que já colaboraste em Jinga (vulgo: um sabujo de um bufo à beira de apanhar um ganda pifo), se tens alguma informação que consideres importante sobre Jinga, contacta-nos. Traz numa mão o teu bloco cheio de notas à moda de um treinador modernaço, na outra mão o teu bloco de cimento, e nos membros inferiores um tornozelo livre. Anda saltar connosco, miúdo, vinde mergulhar nas profundezas do oceano em busca da galera perdida de Jinga. Não sabes o que é Jinga? Oh, diacho... E vieste cá precisamente com o propósito de saber o que é Jinga mas os tipos que mandam neste folheto informativo tardam em esclarecer-te e, inclusive, perguntam se tens alguma informação decisiva sobre algo que eles próprios não souberam ainda explicar o que é? Tens então duas alternativas, mancebo: ou bem que voltas cá quando nesta nação terminar o clima de guerra alcoólica importado por uma invenção macaca chamada semana académica eleitoral; ou bem que nos ajudas a completar o puzzle Jinga, enviando as tuas preciosas informações para o recanto que arranjámos para te ajudar a depositar angústias, indignações, passes mágicos para o maravilhoso mundo de Jinga.

19.9.09

Esmiuçando as escutas

Quando disse que esta campanha ia ser só rir, não estava a referir-me directamente ao programa dos Gato Fedorento, ao qual tão lestos e precisos todos os políticos portugueses estão a aderir. Parece que descobriram de um momento para o outro que uma certa ideia de descontracção também pode dar votos. Da maneira como está o país, o melhor é mesmo levar isto na descontra.

Mas o programa dos Gato Fedorento ao lado do que têm sido os factos e argumentos de campanha é uma espécie de Camilo, o Pendura em confronto com os Monty Python, sendo que só o brilhantismo destes será capaz de concorrer com o nonsense dos vários acontecimentos que têm minado os últimos dias de confronto eleitoral.

Escutas e casos

Coscuvilhar e intrigar a vida alheia sempre foram actividades muito portuguesas. E continuarão a ser, se Deus quiser.

Não invoco aqui o nome de Deus em vão. Ele é o Tal que é omnipresente e omnipotente. E como se verifica, há situações em que um contacto próximo com Ele dá um jeito enorme.

A campanha tem sido um fartote de rir. Desde os "mais papistas que o papa" militares da GNR da Coina, que multaram e apreenderam viaturas da caravana socialista por falta de documentação em ordem, para dois dias depois um senhor da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, por acaso dependente do Ministério da Administração Interna, ter dado ordem para libertar as viaturas e devolver o valor da coima pago pela contra-ordenação. Dois dias depois. E ainda dizem mal deste Governo. Oxalá toda a Justiça fosse igualmente lesta.

O caso do telejornal silenciado, ou o das pressões aos juízes do caso Freeport, ou até a tentativa de incursão do SIS (sob a alçada do Governo) nas investigações sobre eventuais fugas de informação no mesmo caso Freeport.

E depois o caso dos dinheirinhos para os "novos militantes" do PSD a troco de um voto na eleição para a distrital de Lisboa. Uma notícia que caiu sabe-se lá de onde, a poucos dias das eleições. Um balão de ar que sucumbiu logo ao final da noite, quando foi destapada a primeira página do DN da manhã seguinte.

O caso promete brindar-nos durante muitos e bons dias com novos espasmos de risota, até porque quase tudo está por explicar: como foi possível correspondência trocada entre jornalistas do Público ter ido parar, no mesmo dia e sabe-se lá por alma de quem, a dois jornais concorrentes? Esta é apenas a última pergunta entre tantas que estão por responder.

Encomendar a alma ao diabo

A notícia do Diário de Notícias surpreende-me. Jornalistas (do DN) publicam correspondência privada, trocada entre outros dois jornalistas (do Público), sem qualquer sentido ético ou respeito pelo sigilo profissional dos seus colegas.

Não só os jornalistas do DN destapam uma fonte que deveria permanecer anónima, como publicam correspondência privada entre jornalistas profissionais que nem português correcto sabem escrever.

Mas sobretudo acusam o Público de publicar uma notícia encomendada (apenas porque uma fonte lhes faculta informação), expondo-se o próprio DN à possibilidade da mesma acusação, a de trazer a público uma notícia encomendada (afinal, também alguém lhes facultou informação, alguém que não sabemos quem foi.) Encomenda por encomenda, sempre prefiro a do Público.

Eles andam aí

E sempre andaram. E se no tempo do cavaquismo tudo era feito às claras e as suas movimentações eram facilmente identificadas, desencadeando consequências mais ou menos directas, agora actuam na penumbra e as consequências são invisíveis a e bem mais devastadoras. Aqui há tempos, a Visão publicou um interessante artigo em que denunciava que José Sócrates pretendia criar uma nova polícia secreta, "uma espécie de secreta privada do primeiro-ministro". Dizia-se até que já funcionaria no edifício do Conselho de Ministros.

O primeiro-ministro espigou-se, mas depressa o balão esvaziou e nunca mais se ouviu falar disto. (Parece que desde então a Visão se tem portado bem, e agora até já tem direito a receber a brochura publicitária da RAVE, aludindo às virtudes dos comboios de alta velocidade.)

Júlio Pereira é o homem que toca este cavaquinho. É um homem da confiança do primeiro-ministro, coordenador do SIRP, a entidade que engloba os serviços de informações, e que responde directa e exclusivamente a uma entidade, o primeiro-ministro. Há pouco mais de um ano, o seu nome chegou a ser falado para se ocupar do cargo de secretário-geral de Segurança Interna, mas à última hora o primeiro-ministro terá recuado e Júlio Pereira continua à frente das secretas. Vá-se lá perceber os motivos.

18.9.09

JINGA!!!

Em breve, neste local e a uma hora bastante improvável, a visita guiada ao alucinante mundo de Jinga. Uma vasta equipa de escribas e seleccionadíssimas fontes vêm trabalhando afincadamente, dia após dia (e, não raras vezes, noite após noite), para levar até si este que, embora desconhecido, vai transformar-se num dos mais fascinantes e intrigantes episódios da História fofinha de Portugal.
Tornou-se já, o acontecimento Jinga, mais do que numa mitificação, numa realidade roliça. Mais do que um fenómeno do imaginário popular, Jinga é toda uma atitude, todo um perfume de mulher, todo um queijo. Toda uma linha de cosméticos, também.
Em breve, neste local e a uma hora bastante improvável. Enquanto a cidade vive na euforia de mais uma espécie de semana académica eleitoral, com churros, bombos e coiratos, os nossos colaboradores trabalham cheios de pundonor para, logo em que cessem as festividades e a calma volte a reinar nas margens do rio, se faça emergir o mito, se conquistem em definitivo os corações de todos os que se arrogam de não sentir o feitiço de Jinga.

Estamos a chegar lá... Jinga existe.

16.9.09

Jinga...

Jingabé Jingabé Jingalódeué!

Está quase...

10.9.09

Esta campanha continua a ser só rir - a "máscara"



As imagens são dos bastidores do debate entre José Sócrates e o "maroto" Francisco Louçã. Falam por si, e permitem entender as diferenças de atitude e presença quando os holofotes e o crivo mediático se acendem. Resta tentar perceber quem atirou estas imagens para o domínio público, se os assessores de José Sócrates ou os de Manuela Ferreira Leite.

Recordam-se quando o Guterres se engasgou nos números do PIB. Nesse dia, ele venceu as eleições. Porque demostrou uma face humana, de cidadão que também se engana, com dúvidas e fraquezas. Contra o poder vigente de alguém que os media quiseram fazer crer que raramente se enganava e nunca tinha dúvidas.

Não deixa de ter alguma graça, esta espécie de diálogo, à laia de aquecimento psicológico entre treinadores antes do início do grande jogo.

6.9.09

Esta campanha vai ser só rir...

"A política internacional deste governo define-se em dois adjectivos: subserviência e conivência"

Jerónimo de Sousa, discurso de encerramento da Festa do Avante

Tanto professor no desemprego e não haveria um para tratar da revisão do texto?

21.8.09

"Um stripezito é que vinha a calhar!"

Pois é, os jogos de futebol em Portugal teriam muito a ganhar se esta tendência técnico-táctica do comentário ludopédico nacional começasse a fazer escola em mais estações televisivas. Já diz o velho ditado, inventado agora mesmo, "cuidadinho, que os microfones têm ouvidos.. e do outro lado está uma dupla sertaneja que pode começar a cantarolar a qualquer momento!"

Uma risota pegada, este vídeo, não fosse o ridículo da situação.


Com Rui Alves as câmaras ficam à porta

Foi um resultado histórico para o Nacional da Madeira. Os insulares venceram o seu primeiro jogo em competições europeias de futebol, e logo contra o Zenit de São Petersburgo, que há duas épocas conquistou a Taça Uefa, e no ano passado contra o Manchester United venceu a Supertaça Europeia.

O Nacional venceu por 4-3, na Choupana, no Estádio Engenheiro Rui Alves. Mas não há imagens que documentem este feito histórico.

E tudo porque o presidente do clube, o tal Engenheiro Rui Alves, impediu a entrada às equipas de reportagem das várias estações televisivas que tentavam acompanhar o evento.

A justificação apresentada para este atropelo à liberdade de informar foi dada pelo próprio Rui Alves, que disse não estar obrigado a ceder imagens do espectáculo, porque "o futebol é um desporto muito caro" e nenhum dos operadores se mostrara interessado em adquirir os direitos exclusivos de transmissão integral da partida. E assim também não haveria direito à captação de imagens para resumos do jogo. Não querem massaroca, também não levam pipoca.

Os jornalistas e as câmaras ficaram à porta e não houve mesmo imagens para ninguém. Perderam os adeptos do Nacional que não puderam ver o jogo, perderam os adeptos do Zenit, perderam os patrocinadores do Nacional, perdeu o próprio clube que não soube capitalizar o momento importante.

O QUE DIZEM OS PAPIROS?

A posição defendida por Rui Alves não é legitimada pela Lei. Ao barrar a entrada a repórteres e a captação de imagens, Rui Alves infringiu os direitos de informar e de ser informado. Abdicar da possibilidade de adquirir os direitos para transmitir um espectáculo, não significa abdicar do direito a informar. Esse é contemplado em vários diplomas, e não deveria ser letra morta.

O que é incompreensível é que as autoridades sacudam a água do capote e não saibam agir em conformidade. Talvez na Madeira as Leis sejam outras. Ou talvez não tenham de ser aplicadas da mesma maneira.

Artigo 33.º
Direito a extractos informativos

1 - Os responsáveis pela realização de espectáculos ou outros eventos públicos que ocorram em território nacional, bem como os titulares de direitos exclusivos que sobre eles incidam, não podem opor-se à transmissão de breves extractos dos mesmos, de natureza informativa, por parte de qualquer operador de televisão, nacional ou não.

2 - Para o exercício do direito à informação previsto no número anterior, os operadores podem utilizar o sinal emitido pelos titulares dos direitos exclusivos, suportando apenas os custos que eventualmente decorram da sua disponibilização, ou recorrer, em alternativa, à utilização de meios técnicos próprios, nos termos legais que asseguram o acesso dos órgãos de comunicação social a locais públicos.

3 - Sem prejuízo de acordo para utilização diversa, os extractos a que se refere o n.º 1 devem:

a) Limitar-se à duração estritamente indispensável à percepção do conteúdo essencial dos acontecimentos em questão, tendo em conta a natureza dos eventos, desde que não exceda noventa segundos;
b) Ser difundidos exclusivamente em programas regulares de natureza informativa geral;
c) Ser difundidos nas trinta e seis horas subsequentes à cessação do evento, salvo quando a sua posterior inclusão em relatos de outros acontecimentos de actualidade for justificada pelo fim de informação prosseguido;
d) Identificar a fonte das imagens, caso sejam difundidas a partir do sinal emitido pelo titular do exclusivo.


Este artigo consta da Lei da Televisão (Lei nº27/2007). Confere o direito à recolha de imagens de eventos públicos para fins informativos até um minuto e meio.

Resta esperar que a Justiça actue, embora não me reste grande fé que tal aconteça.

É verdade que o futebol é caro, mas só está nele quem quer, e há que seguir as regras do jogo. Talvez convenha recordar ao Senhor Engenheiro Rui Alves que o futebol é um desporto caro, sim, mas que o Nacional beneficia de apoios públicos, concedidos pelo Governo Regional da Madeira, que em última análise provêm do bolso de todos os portugueses, do meu bolso. O Nacional é também um bocadinho meu. E eu sinto-me no direito de ter esse direito.

18.8.09

Sporting vence Liga dos Campeões sem derrotas...

... e sem vitórias também.

22 de Maio de 2010

O Sporting fez história no futebol mundial, levantando pela primeira vez o troféu de campeão da Europa de clubes, ao bater esta noite o Real Madrid, em pleno Estádio Santiago Bernabéu. Num sábado quente na capital espanhola, foi preciso recorrer ao desempate por pontapés da marca de grande penalidade para encontrar o vencedor da edição 2009/2010 da Liga dos Campeões. Na lotaria dos penáltis, a sorte sorriu aos leões, que confiaram nuns inspirados Rui Patrício e Nossa Senhora de Fátima para manter a salvo as redes leoninas.

O guardião leonino acabou também por ser o responsável pelo pontapé decisivo. Depois do sôfrego falhanço de Cristiano Ronaldo da marca dos onze metros, coube a Rui Patrício resolver a contenda. O guarda-redes verde e branco desferiu um remate denunciado, a contar no entanto com a prestimosa colaboração de Iker Casillas, que, depois de segurar a bola, a deixou escapar para lá da linha de golo, confirmando o primeiro título de campeão europeu para o Sporting Clube de Portugal.


CR9 MARCOU PARA OS MERENGUES

O Real Madrid partia para esta final com a vantagem de jogar no seu reduto. Com o apoio de cerca de 90 mil nas bancadas, os madrilistas até entraram bem na partida. Logo aos 18 minutos, um choque entre Anderson Polga e Daniel Carriço no eixo da defesa fez a bola sobrar para Nuno Gomes, que encontrou Cristiano Ronaldo desmarcado na esquerda e fez o endosso. O CR9 atirou sem dificuldade a contar.

Na resposta, José Mourinho fez subir a equipa. O Sporting mostrou-se mais ofensivo, e Purovic, que hoje relegou para o banco o ineficaz Liedson, ameaçou por duas vezes a baliza de Iker Casillas.

O empate tardava, muito por força da boa organização defensiva do Real Madrid, com Pepe a meter o pé em tudo o que mexia, intimidando o franzino meio campo leonino.

O intervalo chegou com a irritação de José Mourinho. O Special One saiu para os balneários de cabeça perdida, disparando impropérios contra o árbitro da partida e traduzindo-os para que nada se perdesse: "Tu és um Bruno Paixão"... "You are a Bruno Passion"... O árbitro, um húngaro de Budapeste, indignado com os gravíssimos insultos respondeu na mesma moeda: "E tu um Luís Campos"... "And you a Lewis Graves... or Fields..."


BETTENCOURT ELOGIA ADVERSÁRIO

Ao intervalo, o presidente do Sporting desceu às cabinas. Sempre afável, José Eduardo Bettencourt não se esquivou a tecer breves comentários à forma como decorria a partida: “não há dúvida, esta equipa é uma grande equipa. O Real é uma grande equipa, é o que eu quero dizer. Está aqui um grande investimento, um belo estádio... E que atmosfera fantástica! É impossível não nos deixarmos contagiar por este ambiente. Só posso dizer uma coisa: Hala Madrid!”


NOVENTA MIL NAS BANCADAS

Madrid acorreu em peso a Chamartín e lotou o Santiago Bernabéu. Muitos eram portugueses que não hesitaram em dar o apoio ao trio lusitano de Madrid: “Estamos aqui, por suposto, para gritar pelo Ronaldo e pelo Pepe. E até pelo Nuno Gomes. Aqui em Madrid, desde o Nilstelroy que não tínhamos um matador à altura. O Nuno Gomes está lá, hombre, é o sucessor natural do Raul”, disse Cristina Marques, portuguesa estudante em Madrid.


SOFRER ATÉ À ÚLTIMA

Na 2ª parte, os leões deitaram as garras de fora e procuraram correr atrás do prejuízo. Purovic era o mais inconformado, mas nem sempre as coisas saíram bem ao montenegrino. Por duas ocasiões, o avançado falhou em zona de decisão. José Mourinho sentiu necessidade de alterar o estado de coisas. O técnico mandou Purovic para o banho e fez entrar outro montenegrino, Vukcevic, que nesta final estreou a primeiro equipamento compacto de uma só unidade. A tendência da partida não sofreu alterações.

O Sporting começou a jogar mais com o coração do que com a cabeça e, já em desespero de causa, a dez minutos do fim Mourinho deu ordem a Rui Patrício para jogar na posição de ponta-de-lança. Foi num lance de insistência de Patrício que surgiu o tento da igualdade. Um remate desconchavado com a parte de trás do pé que se encaminhava serenamente para as mãos de Casillas, interceptado por Pepe, que distraído, pontapeando em tudo o mexia, acabou por endossar a bola violentamente para dentro da sua própria baliza.

O Sporting empatava ao minuto 97 e mantinha a esperança na conquista da Champions.


BENFICA É OPÇÃO PARA RONALDO

O "ex" de Nereida Gallardo jogou a sua terceira final europeia consecutiva. Ronaldo procurava conquistar pela segunda vez o título europeu de clubes, mas por ironia do destino foi a equipa que o lançou para a Europa do futebol que retirou a hipótese de reconquista do mais importante torneio de clubes.

Cristiano Ronaldo terá feito o seu último jogo pelo Real Madrid. O melhor jogador do planeta reconhece que pode estar a caminho de Lisboa, mas não confirma se irá jogar no Benfica: “O Oriental também é um clube de Lisboa”, limitou-se a dizer: “Lisboa é uma cidade de que eu gosto... gosto daquela zona de Lisboa entre o Colombo e o Fonte Nova. Penso que é muito bom, tem boas casas.... É lá que joga o Oriental, acho eu. Penso que será bom para a minha carreira. Por enquanto o Cristiano é jovem, penso que há que aproveitar as oportunidades que surgem. Hala Oriental!”, concluiu o capitão da selecção nacional.

José Mourinho, nome falado para suceder a Jorge Jesus à frente do comando técnico do Benfica (Jesus poderá estar de malas aviadas para o Santiago Bernabéu), deu os parabéns a Cristiano Ronaldo e confessou que seria um prazer trabalhar com ele: “Ambos fomos lançados neste grande clube, eu como técnico de interpretação de línguas estrangeiras, licenciado pelo ISEF, ele na Academia do Sporting, temos a escola dos campeões”.

Mourinho explicou o lançamento de mais uma medalha para a bancada do Santiago Bernabéu, e negou que se tratasse de um piscar de olho a Florentino Perez: “tenho muitas destas lá em casa. Não é isto que faz de mim especial. Não quero ser um Zé das Medalhas.”


CAMPEÃO EUROPEU SEM DERROTAS

Não é feito inédito na história das competições europeias, mas mereceu o destaque da UEFA. O Sporting conquista a Liga dos Campeões sem sofrer qualquer derrota ao longo da competição. A 18 de Agosto do ano passado, ainda com Paulo Bento à frente da equipa, o Sporting começava a garantir a passagem à fase de grupos com um empate a duas bolas contra a Fiorentina. O jogo foi polémico e no final da partida Paulo Bento reclamou da exibição do árbitro: “Cá como lá, e mais não digo”

Na segunda-mão, o Sporting voltou a empatar em Florença, resultado final 3-3, com três auto-golos da defensiva italiana.

Na fase de grupos, o Sporting voltou a não perder. Garantiu seis pontos, fruto de seis empates, que lhe garantiram o passaporte para a fase derradeira da competição.

Já nas meias-finais, os leões arrasaram o Manchester United com dois empates. Em Manchester, o Sporting goleou, com um empate a uma bola, e deitou para fora da competição a equipa de Sir Alex Fergusson e Carlos Queiroz (entretanto despedido da selecção nacional).

A nível interno as coisas não correram bem aos leões. Com 17 empates consecutivos, o início da temporada da Liga de Futebol foi desastroso. Nem José Mourinho, nem a Nossa Senhora de Fátima de Rui Patrício, conseguiram desfazer o nó. O Sporting acaba por descer de divisão, mas apesar de tudo vence a Liga dos Campeões.

É certo que o Sporting não perdeu qualquer jogo no percurso até à glória milionária. É também certo que não ganhou, mas o que importa isso: “Fartos de vitórias morais andamos nós”, sorriu José Mourinho, o obreiro.


(nota: se observarem com atenção os relvados de Alvalade e do Santiago Bernabéu no Google Street View poderão confirmar, na metade sul do rectângulo de Alvalade já é possível ver a camisola de Simon Vukcevic, um jogador que dá tudo e que até despe o que tem. Na bancada de sócios do Santiago Bernabéu é possível encontrar a reluzir a medalha de Mourinho, por lá perdida.)

16.8.09

Benfica campeão nacional de futebol

28 de Março de 2010

Em noite de festa anunciada, o Sport Lisboa e Benfica manteve os índices qualitativos e, a faltar seis jornadas para o fecho da Liga, confirmou sem dificuldades a conquista do seu 29º título de campeão nacional. Contra um Sporting de Braga sem soluções para suster o caudal ofensivo encarnado, aos homens de Jorge Jesus bastaram escassos minutos para desbravar o caminho que os levaria a uma vitória expressiva por 5-1.

Os encarnados entraram a todo o gás e bem cedo abriram o activo. Aos 3 minutos, já o inevitável Fábio Coentrão justificava o aceno milionário do Real Madrid, e aproveitava o passe em profundidade do central David Luiz para marcar o golo da noite. E que golo! De primeira, sem deixar o esférico embater no chão, o criativo das madeixas acobreadas desferiu um potente estrondo a trinta metros do alvo, sem permitir um esboço de defesa ao incrédulo guardião Eduardo.

A torrente ofensiva dos homens da águia não ficava por aqui. Quatro minutos volvidos, o melhor artilheiro de todos os campeonatos europeus fez também o gosto ao pé. Pedro Mantorras recuperou uma bola perdida a meio campo e mancou cinquenta metros na direcção da baliza contrária. Resistiu às investidas de metade da equipa arsenalista, e já sobre a marca de grande penalidade apostou ainda numa réstia de frieza para tornear o guarda-redes bracarense e ampliar a vantagem.

No banco, Jorge Jesus parecia tranquilo e ousava antecipar a festa. O técnico, que no início da temporada devolveu ao Benfica a mística e os títulos que há tanto fugiam, era o primeiro a abrir as garrafas de espumante e a iniciar as celebrações; bem a tempo de apreciar, à viragem para o minuto 22, o cruzamento certeiro de Carlos Martins para o bis de Pedro Mantorras. O angolano somava o golo 37 da Liga e recolhia os aplausos de um satisfeito Eusébio.

À beira do intervalo, com três golos de diferença e com os acontecimentos controlados, Jorge Jesus fez sair Fábio Coentrão para a entrada de Oscar Cardozo, mantendo inalterada a configuração do tridente defensivo, com Luís Filipe à direita, David Luiz imperial ao centro, e César Peixoto, à esquerda.

Jorge Jesus escusou-se a relacionar a saída de Coentrão com a oferta de 117 milhões de euros vinda do Real Madrid: “Isso são assuntos do forno interno clube, mas o que posso dizer é que o Fábio vale bem mais do que isso, vale pelo menos 118 milhões. Eles que amandem para cá o Ronaldo e o Kaká e depois a gente conversa... Eu se treinasse o Real, comigo mudava aos cinco, acabava aos dez”.

Os encarnados subiram para a segunda parte patenteando uma atitude diferenciada. O técnico das águias redefiniu a estratégia e colocou metade da equipa em tarefas de busca e salvamento do brinco de Vítor Baptista, desaparecido algures no tapete verde da Luz desde a década de 70. A opção técnica teve reflexos imediatos, com o Benfica a tirar vantagem da estupefacção dos jogadores do Braga, e com César Peixoto a fazer o 4-0 com um inapelável remate cruzado da esquerda.

O técnico bracarense, Paulo Bento, ainda apostado em alcançar o segundo lugar da Liga, lançou toda a carne para o assadouro e fez entrar Matias Fernandez, emprestado pelo Sporting, e o brasileiro Hulk, empréstimo do Futebol Clube do Porto. O Braga dispôs então de duas oportunidades soberanas, com o atento Joaquim Silva "Quim" a responder a bom nível. O guardião encarnado virou-se para a bancada de dedo em riste no nariz, gritando: “Toma... boa, boa, boa!!!”

Ao minuto 69 (curioso número, diria João Bosco Mota Amaral), Mantorras voltou a cabecear para o golo, respondendo afirmativamente ao cruzamento de Balboa. E o Benfica atingia uma mão-cheia de golos.

Os jogadores do Benfica faziam a festa dentro do relvado, uma vitória expressiva, que não terminou sem antes o Sporting de Braga ter apontado o tento de honra, um golo de Meyong, facilitado pela passividade da defesa encarnada, com grandes responsabilidades do guarda-redes Quim, hesitando na saída ao cruzamento de Hugo Viana.

O árbitro Lucílio Baptista cerrou o punho e apitou para o final da partida. Nas bancadas cantava-se: “campeões, somos campeões”. Jogadores e staff encarnado invadiram o terreno de jogo e seguiu-se festa rija.

UMA VITÓRIA DO CRER E DA SUPERSTIÇÃO

O descanso foi aproveitado pela nação benfiquista para fazer a festa nas bancadas. Do Terceiro Anel nasciam ondas mexicanas e partiam os cânticos de um dos mais emblemáticos hinos encarnados, “Sou Benfica”, da mítica banda VHS, ou pelo menos do tempo dele.

“Estiveram aqui pelo menos 70 mil espectadores”, conta João Gabriel, director de comunicação do Sport Lisboa e Benfica, “pelas nossas contas cerca de metade seguiu a nossa sugestão e trouxe o clássico peugozinho branco. Tratou-se de um pedido expresso do nosso treinador, Jorge Jesus.”

Ao que pudemos apurar de fonte segura, a grande maioria destes peúgos surgiu calçado nos muitos emigrantes que acorreram ao estádio, e que, mesmo sem se aperceberem, respondiam assim aos chamamentos de Jesus: "O branco empurra a equipa para a frente", podia ler-se num cartaz colado à porta do balneário encarnado.

Mas nem só o branco empurrou os encarnados para o título: “A vitória neste campeonato foi bastante salgada”, confessou Jeremias, o roupeiro da equipa. “Em todos os jogos, o mister lá nos pedia para salpicarmos os bancos dos jogadores no balneário com sal de cozinha, era para dar sorte”, adiantou, “houve um jogo em que nos esquecemos, e nesse jogo só ganhámos por 2-0, ao Sporting, a dez minutos do fim.”

UMA ÉPOCA SEM MÁCULA

A classe e a superioridade encarnada cedo começaram a desenhar-se. Tudo começou, recorde-se, a 16 de Agosto do ano passado, com goleada sobre o Marítimo (4-1). A equipa de Jorge Jesus não deixou dúvidas da sua superioridade em todos os jogos da temporada, com Fábio Coentrão como o grande motor de uma equipa em que Mantorras e Luís Filipe foram outros dois destaques.

A lesão de Aimar logo à 2ª jornada comprometeu toda a época do argentino, num Benfica que não pode contar com um Cardozo ao melhor nível. O paraguaio somou apenas quatro tentos até ao momento. Saviola não fez a diferença e foi dispensado a meio da temporada para um aflito Belenenses. Javi Garcia entrou a bom nível, mas o rendimento do espanhol foi-se atenuando e a titularidade perdida para a classe de Balboa.

ESTÁDIO ENGENHEIRO LUÍS FILIPE VIEIRA

Esta foi uma época marcada pela mudança e pelo regresso da mística. Em Janeiro, depois de uma goleada histórica sobre o Futebol Clube do Porto (6-1, com quatro golos de Pedro Mantorras), um grupo de sócios sugeriu a alteração do nome do recinto dos encarnados. A solução foi referendada e recebeu aprovação de 98% dos benfiquistas. Em Fevereiro era reinaugurado o Estádio Engenheiro Luís Filipe Vieira, com uma vitória retumbante sobre o Manchester United, por 3-0. Desde então, nunca mais os encarnados perderam ou empataram qualquer jogo em casa.

SPORTING E PORTO DESCEM DE DIVISÃO

Sem surpresa, Sporting e Futebol Clube do Porto, entretanto já relegados para a Liga de Honra, não quiseram tecer comentários à vitória das águias no campeonato. “Está evidente que vamos ter um clube português que vai ganhar a Liga dos Campeões nos próximos cinco anos”, ironizou Pôncio Monteiro. O presidente portista lembrou ao Benfica que “para chegarem ao palmarés internacional do Futebol Clube do Porto ainda têm de lançar muito sal no balneário”.

Ao fim da primeira volta, o emblemático presidente portista apresentou a demissão. Pinto da Costa saiu depois de uma derrota para a Taça de Portugal contra o Sporting da Covilhã, com o Porto a ocupar então a 10ª posição da Liga. Terá dito na altura que tencionava fazer um upgrade e presidenciar um clube ganhador como o Sport Lisboa e Benfica. Os teóricos dividem-se quanto ao cariz irónico ou não da frase do presbítero das Antas. Freitas Lobo diz que sim, Rui Santos acha que não. As votações estão abertas na Hora Extra e o povo português é que vai decidir.

O Sporting iniciou a temporada com 17 empates consecutivos e hipotecou as hipóteses de lutar pelo título, comprometendo mesmo a manutenção no escalão maior do futebol português. Paulo Bento foi dispensado, rumando a Braga, e nem a contratação milionária de José Mourinho valeu para a sobrevivência dos leões.

SELECÇÃO NO MUNDIAL POR CONVITE

O convite já foi endereçado à Federação Portuguesa de Futebol. A FIFA vai abrir uma vaga extra no mundial da África do Sul que permitirá a participação da selecção portuguesa, eliminada na fase de qualificação. A selecção portuguesa deverá participar a título extraordinário no mundial de futebol da África do Sul. É um facto inédito, a presença de uma 33ª selecção resulta da pressão exercida pelo presidente do organismo máximo do futebol mundial, Joseph Blatter.

“Seria uma pena não ter jogadores da classe de Luís Filipe, Fábio Coentrão, Ruben Amorim, César Peixoto ou Carlos Martins na maior montra mundial do futebol. Acho que se justifica a participação de Portugal nesta competição”, respondeu o presidente da FIFA em bom português.

O novo seleccionador nacional e também técnico do Benfica demonstrou no final do Benfica - Sp.Braga a satisfação: “vamos lá para demonstrar o nosso valor, ou o dobro disso", lançou Jorge Jesus. "No futebol, nada está aberto e nada está fechado. Vamos lá para ganhar a competição, vamos lá para massacrar, ou o dobro disso. Nem que seja na Playstation. Ponham-se a pau c'a gente!”

6.8.09

Os estarolas estão de regresso

Eles estão de volta. A pedido de muitas e boas famílias, orfãs com a ausência que muitos dizem prolongar-se a caminho das calendas, das nonas e dos idos, os estarolas vão voltar a aparecer por aí. Lá para os entrefolhos do mês de Setembro contem com novidades e não se esquivem a mais umas quantas etapas de intensa pilhéria e despudorada facécia.

A Casa

Terça-feira noite noite: alguém irá ser expulso da Casa. Pulhas, o canalha de serviço? Tatá, a dançarina das mamas giratórias? Pitó, o cobardolas rastejante? Maria, a princesa do croché? Naco, o gordo seboso? Mafaldinha, a mais chata que o próprio milho? Juntos que nem minhocas guardadas num frasco, aguardam a decisão do Grande. Aguardam. Aguardam e aguardam. Aguardam e aguardam e aguardam. Chatice. Esquisito. O que é que se passa? A noite vai-se, e o Grande não se revela. Nem pó.

Dias passam e o Grande nunca mais se ouviu. A comida acabou. Mafaldinha tenta fugir da Casa, mas a porta está trancada, mais que trancada. Merda. O que se passa, porra? Isto não é normal!

A fome aperta. Alguém terá de servir de jantar, arrota Pulhas. Pitó esconde-se. Naco atira-se a Pulhas. Quer mordê-lo. Mas Pulhas, faca leve, faz de Naco carne pronta para o talho. As mulheres entram em histeria e querem fugir fugir. Murros na porta, atiram-se aos vidros com tudo o que seja duro. Mas nada. Pulhas leva Naco para a cozinha. Haverá jantar!

Dente a dente, todos acabam por comer do pródigo Naco. Pulhas, como mestre-cuca entendido. Tatá, com repugnância. Maria, afirmando que é porco, talvez carneiro. Mafaldinha, porque Naco poderá assim, enfim e tal, cumprir o seu sonho de ser útil, ao menos isso. Pitó, às escondidas, pois.

Naco está no fim. Tatá faz o seu número de dança mamas ao léu. Pulhas elogia, assim será última a ser cozinhada, ha! ha! ha! Maria, previdente, decide-se a acompanhá-la, mas sem abandonar o croché. E Mafaldinha também, porque é uma mulher solidária, pois então! E Pitó? Pitó tem um repente. Escudado numa almofada atira-se afoito a Pulhas, facalhão de cozinha em riste. Já temos jantar! - anuncia Pulhas ao fim de segundos poucos. Maria cessa o seu croché e desfaz-se em pranto. Oh, como ela amava Pitó!

Pitó está a acabar. Maria é encontrada suicidada com a agulha de croché na garganta. Com o olhar fixo no Grande que nunca mais se fez ouvir, parece uma santa assim sentada na sanita com aquele mastro fino e triste a sair-lhe por debaixo do queixo. Tristeza.

Tatá e Mafaldinha conspiram. Pulhas lambe-se de falta de cerveja. E elas conspiram. Pulhas coça entre as pernas. E elas conspiram e reconspiram. Pulhas ergue-se de quadris abertos. E elas olham-no felinas dos pés à cabeça. Pulhas aproxima-se. E elas recebem-no com a boca entreaberta, cheias de festas e lambuzadelas. E agora mais isto. E agora mais aquilo. E Pulhas entra tão alegremente em Tatá quanto Mafaldinha lhe enfia com o facalhão da cozinha entre as vértebras tal e tal que quase furava a mama esquerda da cúmplice, ai!. E Tatá não resiste: morto que fique bem morto e vai agulha de croché da Maria pela garganta de Pulhas abaixo, toma!

Pulhas chegou ao osso. Mas não a fome de Tatá e Mafaldinha que choram abraçadas. Todavia, mal nenhum farão uma à outra. Morrerão de fome juntas. Dignamente. Para que o Grande veja que elas são assim. Porque o grande pulha não é o Pulhas mas o Grande. Sim! E para comemorar tão solene jura, Tatá faz a sua dança das mamas giratórias sobre a mesa da sala, com tal entrega e talento que nunca antes alcançou, nem em sonhos, nem com homens à vista. Mas, oh azar!, acidentalmente escorrega, cai, e bate com a nuca na esquina da dita mesa. E morre. E Mafaldinha acode-a, mas os mortos estão mortos, e só lhe resta gritar. E grita e grita e grita contra o grande Grande grande filho-da-puta que os fechou naquela Casa.

Então, a porta abre-se. E...

16.6.09

GP: Grande Primo em retrospectiva

São momentos que também contam a história deste concurso, que nos conduzem ao íntimo das fracções, que documentam um pouco da vertente menos conhecida do Grande Primo.

Neste exemplo, reconhecemos as figuras do Big Pornather, e testemunhamos um dos grandes momentos desta novela da blogosfera real: a entrega da Comenda de Grão-Burro da Ordem do Grande Primo, ao concorrente (es)Feéhrico.





Neste episódio, recuperamos as tentativas de aproximação do revolucionário MacDonaldo sobre a reluzente Pipoca.





Aqui, recuamos à época do Império Romano para testemunhar como já na altura o antepassado do Comendador (es)Feéhrico vendia "plagiozinhos" pela módica soma de 5 Sestércios à porta do Panteão de Roma (uma das primeiras construções feitas com base no cimento romano). E relembramos um dos momentos altos deste concurso, que desencadeou as piores invejas e os piores amuos: a presença da concorrente Pipoca num programa de televisão.

GP: Na terra dos plágios




















O nome indica-o, esta escola forma dos melhores artistas a nível nacional. Daqui saíram já grandes artistas, oh se saíram!, e o (es)Feéhrico é provavelmente o maior destes especialistas da arte de qualquer coisa. Neste estabelecimento, o grande artista do Big Pornather aprendeu a plagiar como mais ninguém, aprendeu a plagiar com requinte, palavra por palavra. São, de resto, duas disciplinas obrigatórias dos curricula de todos os cursos aqui leccionados: Plágio I e Plágio II.

Para quem não está ao corrente, para além de grandes plagiadores difusos de ideias, esta escola de artistas forma também grandes profissionais da garçonagem nacional e internacional. Esta escola deu ao mundo dos melhores funcionários de casa nocturna que as estradas nacionais do Alto Minho já conheceram.

É por isso com enorme consideração que realçamos o papel de instituições como esta, instalada paredes-meias com a mais conhecida das fábricas da Marinha Grande, ela própria filha de um exercício do mais despudorado plágio fehriano: se já não chegava a este país um irmão Stephens para ajudar a desbastar o Pinhal de Leiria, o destino e os senhores da cópia básica presentearam-nos, pasme-se, com um par de irmãos Stephens. Que mais não trouxeram a este país do que vidrinhos; uns iguais aos outros. A falta de originalidade está na génese desta gente, desta terra: há que copiar o molde, porque a criação exige demasiado esforço. É gente muito dada a fazer trabalhos de sopro, mas pouco acostumada a pensar pela própria cabeça.

15.6.09

GP: A espreitar o grande final

Já falta muito pouco para o tão esperado final do Grande Primo. Reconheçamos, mais esperado por algumas pessoas que se sentiram acossadas e se reviram nas legítimas figuras do concurso, aquelas que dentro da casa, com esforço, expostos à crítica e à censura de quem observa de fora, tudo fizeram para sobreviver até ao fim do programa. Esperado, por aquelas pessoas que fizeram questão de se apropriar do espaço ocupado pelos verdadeiros concorrentes, reclamando uma propriedade das características enunciadas que não lhes era devida. Uma palavra especial para o (es)Feéhrico, que foi sem dúvida a figura que ao longo do concurso matizes mais diversas foi apresentando, e que apesar de todas as limitações intelectuais e de todos os esquemas de que se fez rodear, conseguiu chegar incólume à fase derradeira do Big Pornather. O que prova que o chico-espertismo é também um caminho para um sucesso intermédio, mas que acaba por desfalecer quase sempre num beco sem saída. Outra palavra para o concorrente MacDonaldo. É o ser mais dicotómico dentro da casa. Como pode alguém defender uma terceira via, se o caminho que traça para a sua própria existência se limita ao par de carris de um mero apparatchik do sistema capitalista? E a Pipoca, a mais doce e a única que soube trilhar os sulcos do sucesso. Apesar de calinar em toda a sela nas crónicas domingueiras do pasquim popular, a Pipoca ficou a milhas da perseguição e foi por esse motivo vítima de invejas e calúnias. No entanto, sobreviveu, deu quinze a zero à concorrência. Um destes três concorrentes vai ser o novo Grande Primo. Quem vai triunfar? Não sabemos. O amanhã nos dirá...

GP: Cabras e cabrões




















Naquela torre mora um sino que se chama cabra. Mas muitos não sabem que naquela torre mora também um sino que se chama cabrão. E mora também, muito poucos saberão porque muito poucos estudaram para ouvi-lo, um sino que se chama balão. E todos eles encontram relação com cada um dos concorrentes do nosso Big Pornather. Os três residentes ficaram cerca de um quarto de hora a tentar chegar a um consenso sobre quem teria mais de cabra, mais de cabrão, ou mais de balão. O que concluíram deixá-lo-emos à imaginação frutuosa do leitor.

A visita a Coimbra foi demorada e digerida com atenção. Pipoca fez questão de se sentar na esplanada do Café Santa Cruz, bebericando um chá de tília e manjando um pastel de Tentúgal. Já o MacDonaldo não perdeu a oportunidade de subir até junto da Sé Velha para visitar com olhos de ver a casa onde ao longo do período coimbrão viveu o cantador da liberdade, Zeca Afonso. O (es)Feéhrico rebolou quebra-costas acima para desembocar na Faculdade de Letras. Como seria de esperar, o que se ouviu da boca do Comendador Grão-Burro não foi mais do que um "Eu cá também sou de letras, e não entendo porque dizem que não sei escrever português. Nestes corredores cinzentos há milhentos de estudantes capazes de assassinar com requintes de ainda pior malvadez a língua do grande mestre Paulo Quintela." Fez questão de seguir depois para a Biblioteca, onde arregalou os olhos: "eis o paraíso de qualquer escritor sem obra mas referenciado na wikipedia, de qualquer bloguista sem ideias, um mundo de livros sem fim disponíveis para plagiar."

GP: O be(a)to


























E afinal, nem Phnom Penh, nem Hanói, nem Havana, nem Pyongyang, apenas o Santuário da Nossa Senhora do Sameiro em Braga. Ele há coisas do diabo. Um homem habituado a pregar o foicemartelismo e que em dois tempos se converte ao catolicismo. É uma reviravolta mais inesperada do que ver Jorge Jesus deixar o Braga para treinar o Benfica. MacDonaldo assume-se agora como um devoto de Maria Imaculada do Sameiro, uma espécie de Cónego Melo mas só que em tons vermelhuscos. Há quem diga que é apenas uma manobra para conquistar votos à Direita, há quem diga no entanto que é a fé a mover foices e martelos...

14.6.09

GP: MacDonaldo apanhado a chupar Calipo em lugar incerto


























Os residentes da casa do Grande Primo não param. Se num dia estão no Minho e são apanhados a orar na visita ao Bom Jesus de Braga, no outro dia já estão em Coimbra a são apanhados em flagrante a copiar na cidade dos estudantes. Hoje, o homem da boina enviesada decidiu dar uma escapadinha para parte incerta e é de lá que entre a chupadela num calipo de morango e a chupadela num calipo de limão nos envia um postal ilustrado a que falta no entanto a indicação geográfica de onde foi remetido. Para onde fugiu o estalinista MacDonaldo? Phnom Penh? Hanói? Havana? Pyongyang? Procura-se estalinista convertido às malfeitorias do imperialismo...

13.6.09

GP: Rafeiro dá o focinho por Pipoca


















É a primeira manifestação pública de apoio da parte de um antigo residente a um dos candidatos à vitória final. Rafeiro não quis permanecer calado, e experimentou pular a cerca: "O meu apoio vai inteirinho para a Pipoca", latiu com ar sorridente dando impulsos à cauda em sinal de contentamento. O Rafeiro veio a terreno mostrar que está solidário com a concorrente milho-frito, e acrescentou: "já que não posso dar a cara, porque não a tenho, dou o focinho, a Pipoca merece muito mais do que só uma patinha ou apenas que eu rebole, ela merece mais, é quem merece ganhar isto", faladrou o Rafeiro-Escritor, que como se pode ver na imagem, de rafeiro tem muito pouco e de escritor também.

GP: A coisa esfeéhrica

"Não vejo que outro nome poderia dar-lhe", assim escreve José Saramago sobre uma reconhecida figura do nosso universo mediático. Mas que coisa é esta? Há quem diga que o destinatário diluído nas palavras de azedume do prémo nobel português é Silvio Berlusconi, o homem que lidera os destinos da pátria de Verdi; mas dirigindo a nossa atenção para todos os elementos paratextuais fornecidos, somos remetidos para uma imensa metáfora, uma alegoria sobre a delinquência, a virulência, e a perigosa parecença desta coisa com algo próximo do ser humano. Olhando para estas breves linhas aparentemente dirigidas ao homem mais poderoso de Itália, somos trazidos para uma realidade que nos é mais próxima, e que nos indica que, em Lanzarote, José Saramago (ou, quando muito, Pilar del Rio) é fiel seguidor da emissão diária do Grande Primo. Não se deixem enganar pela parábola. A coisa é outra, menos (berlus)cónica, mais (es)Feéhrica.

GP: Uma etapa afectada

A norte prosseguimos. Depois da viagem pela cidade do Porto, com visita aos bairros mais típicos da cidade, continuámos para o Minho - Pipoca considerou especialmente desnecessária a passagem por locais tão característicos da Invicta como os bairros do Cerco, Aldoar e Lagarteiro, mas não foi sem resposta do paladino da revolução caviaresca, MacDonaldo, que fez questão de politizar o assunto e destacou que enterradas naqueles ghettos estavam três décadas de uma política de capitalismo mal enjorcado.

E foram nisto até Braga, a respingar argumentos em defesa do bom esturjão do Mar Negro: "a pocilga do capitalismo deu cabo dessa riqueza, hoje o bom caviar é tão difícil de encontrar como um McDonald's que venda carne de vaca saborosa", lançou MacDonaldo. "Se a tua revolução triunfasse, a esta hora para comer bom caviar beluga provavelmente teria de secar à porta do Eleven com uma senha de racionamento na mão à espera que um membro do Politburo se decidisse a fazer avançar o mundo", saltitou Pipoca.

Pouco mais de meia-hora de caminho, prego a fundo no furgão de caixa aberta do Grande Primo, para aterrarem na Praça da República, na cidade dita dos arcebispos. Eram aguardados por uma multidão em delírio, ansiosa por encher de beijinhos as ventas de Pipoca, e por dizer das boas ao che MacDonaldo. O ponto de encontro estava marcado para o histórico Café Vianna, hoje à pinha com jovens em delírio levadas ao engano convencidas de que iriam assistir à renovação de contrato de Jorge Jesus com o Sporting de Braga. Uma torrada e uma meia de leite para cada um, conversa para cá, conversa para lá, (es)Feéhrico botou discurso em defesa da dignidade e originalidade dos seus escritos, o povo que não adormeceu debandou, e estavam prontos os primões para encetar a subida ao Bom Jesus.

Aí seriam recebidos pelo fotógrafo oficial do Grande Primo, o autor do Grande Livro das Burlas Afectadas. Depois de expulso da casa do Big Pornather, Afectado venceu uma difícil etapa da sua vida. Por ter ousado afrontar o regime esfeéhrico dentro da casa, viu cá fora fecharem-se as portas do mercado de trabalho, e foi o Padrinho de Braga quem lhe estendeu a mão para a vida. Essa mão estendida e alguns conhecimentos do que seria a fotografia "à la minute" ajudaram-no a recuperar-se para uma existência activa. Abriu negócio junto ao hotel, e é agora um dos fotógrafos mais influentes de todo o Bom Jesus. E não julguem que isso é fácil, meus amigos. Há quem diga também que é um dos caudilhos do poder autárquico naquela urbe onde os empreendimentos imobiliários despontam como peúgas brancas em pés de emigrantes portugueses na Alemanha.
















(detalhe: o aparelho de fotografias "à la minute" do Afectado, junto ao Comendador (es)Feéhrico a fazer-se à pose)