21.8.09

Com Rui Alves as câmaras ficam à porta

Foi um resultado histórico para o Nacional da Madeira. Os insulares venceram o seu primeiro jogo em competições europeias de futebol, e logo contra o Zenit de São Petersburgo, que há duas épocas conquistou a Taça Uefa, e no ano passado contra o Manchester United venceu a Supertaça Europeia.

O Nacional venceu por 4-3, na Choupana, no Estádio Engenheiro Rui Alves. Mas não há imagens que documentem este feito histórico.

E tudo porque o presidente do clube, o tal Engenheiro Rui Alves, impediu a entrada às equipas de reportagem das várias estações televisivas que tentavam acompanhar o evento.

A justificação apresentada para este atropelo à liberdade de informar foi dada pelo próprio Rui Alves, que disse não estar obrigado a ceder imagens do espectáculo, porque "o futebol é um desporto muito caro" e nenhum dos operadores se mostrara interessado em adquirir os direitos exclusivos de transmissão integral da partida. E assim também não haveria direito à captação de imagens para resumos do jogo. Não querem massaroca, também não levam pipoca.

Os jornalistas e as câmaras ficaram à porta e não houve mesmo imagens para ninguém. Perderam os adeptos do Nacional que não puderam ver o jogo, perderam os adeptos do Zenit, perderam os patrocinadores do Nacional, perdeu o próprio clube que não soube capitalizar o momento importante.

O QUE DIZEM OS PAPIROS?

A posição defendida por Rui Alves não é legitimada pela Lei. Ao barrar a entrada a repórteres e a captação de imagens, Rui Alves infringiu os direitos de informar e de ser informado. Abdicar da possibilidade de adquirir os direitos para transmitir um espectáculo, não significa abdicar do direito a informar. Esse é contemplado em vários diplomas, e não deveria ser letra morta.

O que é incompreensível é que as autoridades sacudam a água do capote e não saibam agir em conformidade. Talvez na Madeira as Leis sejam outras. Ou talvez não tenham de ser aplicadas da mesma maneira.

Artigo 33.º
Direito a extractos informativos

1 - Os responsáveis pela realização de espectáculos ou outros eventos públicos que ocorram em território nacional, bem como os titulares de direitos exclusivos que sobre eles incidam, não podem opor-se à transmissão de breves extractos dos mesmos, de natureza informativa, por parte de qualquer operador de televisão, nacional ou não.

2 - Para o exercício do direito à informação previsto no número anterior, os operadores podem utilizar o sinal emitido pelos titulares dos direitos exclusivos, suportando apenas os custos que eventualmente decorram da sua disponibilização, ou recorrer, em alternativa, à utilização de meios técnicos próprios, nos termos legais que asseguram o acesso dos órgãos de comunicação social a locais públicos.

3 - Sem prejuízo de acordo para utilização diversa, os extractos a que se refere o n.º 1 devem:

a) Limitar-se à duração estritamente indispensável à percepção do conteúdo essencial dos acontecimentos em questão, tendo em conta a natureza dos eventos, desde que não exceda noventa segundos;
b) Ser difundidos exclusivamente em programas regulares de natureza informativa geral;
c) Ser difundidos nas trinta e seis horas subsequentes à cessação do evento, salvo quando a sua posterior inclusão em relatos de outros acontecimentos de actualidade for justificada pelo fim de informação prosseguido;
d) Identificar a fonte das imagens, caso sejam difundidas a partir do sinal emitido pelo titular do exclusivo.


Este artigo consta da Lei da Televisão (Lei nº27/2007). Confere o direito à recolha de imagens de eventos públicos para fins informativos até um minuto e meio.

Resta esperar que a Justiça actue, embora não me reste grande fé que tal aconteça.

É verdade que o futebol é caro, mas só está nele quem quer, e há que seguir as regras do jogo. Talvez convenha recordar ao Senhor Engenheiro Rui Alves que o futebol é um desporto caro, sim, mas que o Nacional beneficia de apoios públicos, concedidos pelo Governo Regional da Madeira, que em última análise provêm do bolso de todos os portugueses, do meu bolso. O Nacional é também um bocadinho meu. E eu sinto-me no direito de ter esse direito.

7 comentários:

Anónimo disse...

E diz esse palhaço que não há nenhuma lei que obrigue os clubes a permitirem recolha de imagens. Pela boca morre o peixe.

Para agarradinhos como este era bem feito que fossem à Rússia e viessem de lá com um 7-0 na bagagem. Ou que os patrocinadores dessem de fuga, para o gajo aprender.

Anónimo disse...

Não houve 7-o meu palhaço mas sim 1-1 .o NACIONAL Não é o v setubal que levou 7 do roma no passado recente.O DINHEIRO È DOS MADEIRENSES E NÂO DOS CONTINENTAIS.É DO MEU DINHEIRO E CONCORDO PLENAMENTE .A j jardim pode utilizar o meu dinheiro á vontade!!!

Anónimo disse...

FORÇA NACIONAL DA MADEIRA !!!PELA MADEIRA!!!

Bruno disse...

Mas isso não faz com que o Rui Alves tenha deixado de atentar contra a Lei. E nada lhe aconteceu, que se saiba.

Acho que o Nacional nunca ganhou nada que se visse, não é comparável nem com o Setúbal nem com nenhum outro histórico do futebol português, nem em palmarés, nem em número de seguidores. O que o Nacional tem é um caudilho que comanda o clube e que quando sair vai fazer tudo ruir pela base (como aconteceu com o Boavista).

O dinheiro pode ser dos madeirenses, mas parte dele era dinheiro de todos os portugueses entregue pelo Estado aos Governos Regionais da Madeira e Açores.

O Rui Alves não dá uma boa imagem da Madeira nem dos Madeirenses.

Anónimo disse...

As equipas da Madeira são financiadas pelos próprios madeirenses percebeu sr Bruno ? .É dificil de perceber?É claro que sem os apoios do governo regional era muito dificil ,mas e os clubes do continente como são financiadas?Por fim , em relação ao setubal foi apenas uma memória (triste) que veio à cabeça para responder ao palhaço que desejava que o Nacional levasse 7 a 0 .O setubal tem mais historia e ganhou trofeus é verdade mas sabe perfeitamente que as equipas insulares durante decadas eram impedidas de participar nos campeonatos nacionais e éremos roubados à descarada.Os continentais nunca gostaram dos ilheus

Bruno disse...

Os continentais nunca gostaram dos ilhéus? Discordo em absoluto. Se algumas manifestações de desagrado pude testemunhar foi da parte de insulares (Madeirenses, em concreto), que não gostavam de continentais, talvez por estarem convencidos de que os continentais não gostariam deles.

Os continentais não têm motivos para não gostar dos ilhéus. Os ilhéus da Madeira e do Porto Santo só são ilhéus porque um dia houve continentais que para lá foram. Por isso, creio que não faz muito sentido.

Anónimo disse...

Nâo é verdade que os ilheus nâo gostam dos continentais ,deves estar a confundir com a FLAMA e com a FLA(FRENTE DE LIBERTAÇÂO DOS AÇORES).A verdade é que só os 3grandes tem condiçôes para ter desporto profissional .Sabias que para o maritimo participar nos campeonatos nacionais tiveram de pagar aos arbitros e as equipas continentais as despesas feitas na ilha .A historia nâo engana ,havia má vontade quem no continente mandava quer na politica quer no desporto.Não pode negar factos.... o que há é um desconhecimento entre os portugueses continentais e os portugueses ilheus .só queremos ser tratados por portugueses de primeira e nâo de segunda.porquê não podemos apoiar o desporto que tem visibilidade nacional e internacional e para uma ilha isso é muito importante.