17.3.09

Tibete e o Dalai Lama

Faz hoje 50 anos que o Dalai Lama foi obrigado a isolar-se em território da União Indiana, depois da invasão chinesa do território independente do Tibete. Tenzin Gyatso é o décimo-quarto Dalai Lama, líder do governo tibetano no exílio, o rosto da luta de um povo pela recuperação da independência e autodeterminação. É recebido de braços abertos por todos os líderes do mundo, oferecem-lhe pancadinhas nas costas e cantam loas pelo direito a existir do povo tibetano. Mas a grande verdade é que depois de cinco décadas a percorrer o mundo, o mundo permanece de braços cruzados perante o problema. Porque neste caso, como noutros, os interesses do mundo sobrepõem-se aos verdadeiros valores do humanismo. Quando a Secretária de Estado Norte-Americana viaja até à China e lembra com todas as letras que está ali para discutir business, e que os direitos humanos podem ficar para outra altura... Quando recordamos que há governos regionais europeus a investir em força em território chinês e a tornar-se dependentes da boa vontade do governo de Pequim... Quando notamos que grande parte do tecido produtivo chinês está a ser invadido por empresas estrangeiras... Acabamos por compreender que, nesta matéria, o cifrão vale sempre mais do que o respeito pelo indivíduo... E que não vale a pena chatear muito o grande dragão asiático, porque, pelo menos agora, e enquanto a crise não bater com força à porta da China, está tudo muito bem assim, e todos sairão a ganhar. Excepto, é claro, a grande maioria da população chinesa que permanece nas zonas interiores do país, que sobrevive na pobreza e assim deverá continuar. E excepto, também, aqueles de quem se fala, o povo tibetano.

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