24.3.09

A primeira vez

Naquele dia ganhei a certeza de que era preciso conquistar para além do monte. Vénus, disse ela. Era preciso ser audaz, deixar-me guiar pelos seus dedos, espertos em desfiar-se de enredos novelísticos de lã virgem. Perscrutávamos aqueles caminhos de uma noite obscura, tacteando a estrada de tracejados descontínuos, desmaiando a cada instante em curvas empeçonhadas de óleo, vislumbrando em mim o atrito e esperando em ti a fusão. Disseste-me que seria capaz. E eu acreditei. Fui em frente. Peguei no volante, engrenei a primeira e entrei fundo até mais não poder. Atingi o cume da red line. E depois não consegui voltar a ser eu. Esgotei-me num bocejo tépido e humedecido, num esvaziamento apático de casca de tremoço. E engatei uma segunda...

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