30.12.08

117 dias depois, outra vez o amor (ou Lost In Translation ou O Amor É Um Lugar Estranho)

Foda-se, que ele há histórias do caralho! Hiroshi Nohara é o nome de um simpático japonês que um dia aterrou no Aeroporto Internacional da Cidade do México e nunca mais de lá desandou. Até ontem. Nohara fez do terminal de aeroporto a sua casa durante quase quatro meses. Ocupou uma mesa, junto à zona de refeições rápidas, e esse passou a ser o seu lar. Consta que a partir de uma certa altura aquilo cheirava que tresandava. E não era sushi, meus amigos. Ali, fazia tudo: comia, dormia, jogava dominó, sueca, lerpa, chinquilho, algum poker (mas de dados), tanto que em pouco tempo se transformou num ás do sodoku, temido a nível internacional, e candidato fortíssimo a papar todos os troféus internacionais de aeroporto nos anos vindouros. Só não se sabe se fodia naquela mesa.

O homem, de quarenta anos, decidiu largar o Japão atrás da namorada a quem perdera o rasto (provavalmente ela fez o que tantas fazem e deu-lhe a boca, e não é para admirar, um gajo que se alapa num aeroporto só pode ter pancada, não há gaja que resista muito tempo, ainda por cima naquele idioma estranho que eles por lá têm).

No dia 2 de Setembro de 2008, Nohara aterrava no México vindo de Los Angeles, e com a intenção de se dirigir até ao Brasil, onde julgava poder reencontrar a sua amada (provavelmente já agarrada a uma água de coco numa mão e a um pau brasil na outra).

Mas o japonês acabou por nunca chegar ao destino e ficou retido no Aeroporto da Cidade do México, depois de também o passaporte ter dado um sumiço da vida do azarado Hiroshi Nohara. Sem possibilidade de embarcar, e protelando o pedido de nova documentação, ele passou a andar no aeroporto. Enquanto houvesse visto, havia vida. E esse era para 180 dias.

Ontem, 117 dias depois, o japonês decidiu aceitar a oferta de uma senhora de traços orientais, e ganhou uma nova casa num bairro da zona sul da Cidade do México. Ontem, o japonês levantou finalmente o cuzinho do terminal, ganhou uma nova casa. Teve direito a fotografias, notícia no jornal, e provavelmente um banho. E dizem as más línguas, ontem à noite, num bairro da zona sul da Cidade do México, houve festa da grossa. Quer dizer, grossa talvez não, que isto segundo consta os japoneses é um pavio de vela. Dizem, não sei...

O teor deste blogue e as merdas das asneiras que nele se publicam

Têm chegado a este consultório queixas e mais queixas de leitoras (sobretudo leitoras) indignadas com a merda do vocabulário que é usado nos textos deste blogue. Podia estar a cagar-me em tantas e tantas dessas recomendações para que fosse fazer filhos a mim próprio ou para que convidasse alguém (de preferência nigeriano) à prática de sodomia sobre mim próprio, mas como homem de peito aberto e individualidade de espírito humanista, creio ser hora de esclarecer essas fiéis leitoras e todos os demais que se sintam ofendidos por este linguajar brejeiro, dizendo-lhes que é assim que o nosso povo canta. E eu mais não sou do que esse povo. É assim que ele abre as goelas e se exprime em todo o seu lusitano esplendor. E se não acreditam, caros amigos e amigas, só têm de sair de casa, apanhar um pouco de ar e escutar as caralhadas simpáticas que emanam das vozes mais cândidas deste Portugal de norte a sul. E se não encaixa em vosso perfil passearem-se nas aldeias mais recônditas do Trás-Os-Montes longínquo, ou do Minho altaneiro, ou até mesmo das imediações durienses, então bastar-vos-á adquirir uma das obras de Margarida Rebelo Pinto ou de Cláudio de Ramos, e logo nas primeiras páginas convivereis alegremente com os mais saborosos vocábulos de conotação disforme e desbragada. Sem ponta de malícia. Aliás, sem ponta nenhuma.

29.12.08

Ponto G

RICKY
Marco, tu que já foste ao ponto G e voltaste com vida, conta-nos como é essa experiência.

MARCO RIBEIRO
Eu não sou a melhor pessoa para contar qual é a experiência de ir ao ponto G. Talvez porque fiquei com um pouco menos da minha população capilar. Mas julgo que elas, qualquer uma das 483 ou 484 (não me recordo neste momento), qualquer uma delas estará em melhor posição (e aliás, elas estavam sempre em óptimas posições, porque más posições eu não gosto)…

RICKY
… a posição é sempre importante, é verdade…

MARCO RIBEIRO
Já é uma coisa bastante antiga, porque a vida social sempre se fez muito à custa da posição, e ainda hoje é assim, quem é conhecido é quem está em melhor posição.

RICKY
E relativamente ao ponto G…

MARCO RIBEIRO
Relativamente ao ponto G, é sempre uma sensação agradável; tirando aquela parte em que elas praticamente nos tiram a pele das costas com as unhas, e nos arrancam o cabelo aos puxões, berram até nos furarem os tímpanos, e dizem: “pára, pára que me estoiras a cabeça”. Mas é sempre agradável saber que, no fundo, lhes estamos a proporcionar um prazer único; ou então um prazer único naquela noite, porque provavelmente na noite a seguir voltam a experimentar, ou connosco ou com outros.

Ponto G, mito ou realidade, poema ou prosa, melhor do que chocolate? És mulher? Já conheceste o teu ponto G? Já te foi apresentado? Tens o mapa para descobrir essa coisa? És gajo? Já partiste em busca do caminho marítimo para o ponto G e conseguiste regressar com vida? Emprestas-nos a tua lanterna? Conta-nos essa experiência limite. Partilhem connosco as vossas histórias sobre este ponto. Em que é que acreditam em primeiro lugar? No Pai Natal, no Menino Jesus, no ponto G? Em José Sócrates, porventura?

28.12.08

Breve reflexão sobre o fodido que foi 2008

A propósito do ano que agora finda, foi um ano filha da puta. Não para mim, que se me deu igual ao litro, fiz tudo o que sempre fazia e continuei a exercitar o meu martelo na bigorna com toda a força, como quem bate afincadamente em ferro forjado. Nesse aspecto foi um ano profícuo e com muitas e boas memórias no cardápio dos afazeres sentimentais. Porque é de amor que se fala. (Vocês são tramados, sempre a levar tudo para a questão do sexo. Eu sou um santo. Já vos tinha dito que sou um santo?)

Mas este foi um ano do caralho para muita gente. É vê-los por aí de tomates encolhidinhos e prontos a subirem ao canal inguinal para não verem a merda que os seus donos fizeram, armados em descendência de ilustres meretrizes. Refiro-me especificamente a gente como banqueiros, supervisores, políticos de segunda a quinta, e outras classes que não cabe aqui referir, mas sobre as quais alguém diria que vocês sabem de quem eu estou a falar.

Foi um ano tramado. Eu não queria estar na pele desta gente. E muito menos no prepúcio deles. Aí é que eu não queria mesmo estar. Para cheiros fétidos já nos basta a merda que eles fazem. Prefiro ser pobre mas honrado, do que andar por aí carregando o peso do infortúnio e da incompetência. Tenho um peso só meu, o qual estou disposto a partilhar, mas com esse posso bem.

Mas foi um ano ainda mais lixado para outro tipo de gente. Para esses, a palavra a usar tem de ser mais forte: foi um ano fodido. Olhamos para o ano que finda, esprememos, e o que sobra? Alguns dirão que fica o Magalhães e o anúncio de que as santanettes estão de volta ao palco da capital. Pois, eu diria que nada fica.

«O preço dos combustíveis nos postos de abastecimento subiu a contento, a Sem Chumbo 95 chegou a custar mais 1,40 euros.Mandar uma pinocada dentro do carro em local ermo passou a custar os olhos da cara. E talvez um outro olho, para as meninas mais afoitas.»

No Verão, a escalada do custo do petróleo levou o preço do barril de crude numa erecção infindável quase a bater naqueles trinta centímetros que já são considerados "colossais", que é como quem diz, a roçar a barreira dos 150 dólares. O preço dos combustíveis nos postos de abastecimento subiu a contento, a Sem Chumbo 95 chegou a custar mais 1,40 euros. O pessoal revoltou-se, houve protestos dos camionistas e os portugueses em vez de levantarem a voz de uma maneira quase grega, foram todos a correr para as bombas para atestar o carrito, e se pudessem atestavam até a banheira lá de casa e o estômago da sogra, se possível. A lógica foi: cada um por si, e eu por mim. Salve-se quem puder.

Mandar uma pinocada dentro do carro em local ermo passou a custar os olhos da cara. E talvez um outro olho, para as meninas mais afoitas. A pretexto da subida do preço do petróleo, tudo subiu. Era pretexto para tudo e mais alguma coisa. E agora que o preço do petróleo escorrega por aí abaixo, andam todos caladinhos que nem patos. O preço dos transportes não vai subir. Mas não seria suposto que descesse?

A coisa amainou, e o preço do petróleo foi caindo, depois daquele saboroso orgasmo para que lucra com isto. Chegou o período do refluxo, e atingimos o fim do ano com o petróleo a custar pouco mais de 35 dólares nos mercados internacionais. Menos da quarta parte do que custava no pico do Verão. Hoje, espetar a mangueira em qualquer buraco custa ainda mais de um 1 euro.

Digam-me lá, se isto fosse um país a sério, não tínhamos já dado um par de chapadas a quem nos (des)governa. Quem diz um par de chapadas, diz um par de sapatos. Não admira que a mensagem de Natal do primeiro-ministro tenha sido lida de pé. É que não há cu que aguente. E nem sequer o do inventor do Magalhães. Além de que, não vá o diabo tecê-las, alguém poderia ter enchido o tampo da cadeira com pioneses como fazíamos na escola.

Isto sim, é pornográfico.

Quando Sábado e Domingo se tocam, como uma maminha na outra, ou como um adolescente agarrado a uma revista Gina

Porque o Domingo é o dia do senhor, um dia reservado à reflexão, também nós aqui, no Por Tudo e Pornada, nos deixamos conduzir pelo espírito da data e partilhamos alguns pensamentos sobre um qualquer tema que nos apeteça, mesmo que sem sentido nenhum. E perdoem-nos estarmos a comunicar com recurso à primeira pessoa do plural, como um daqueles jogadores da bola que não os da estirpe Jardeliana (esses fizeram sua - deles - a terceira pessoa do singular), mas este nós majestático não só impõe maior credibilidade àquilo que possamos vir a escrever, como também nos incute uma responsabilidade acrescida; afinal, sendo apenas um, somos mais do que um, somos muitos. Somos o mundo mesmo sem o mundo saber que existimos. E é assim com tantos eus, tantos nós, majestáticos ou não. E pronto, era esta a reflexão que tínhamos para deixar neste último Domingo do ano de 2008. Que vos sirva de bom proveito. E perdoem-me o vós majestático. Que no fundo é para ti que estou a falar, que estás aí e, entre um bocejo e outro, nos, me, vais lendo.

27.12.08

As mulheres e as melgas

(excerto de um anúncio de um especialista em ciências ocultas)

MARCO RIBEIRO
"Prenda você quem desejar, e os fugitivos de seus pares e de seus lares voltam em poucos dias para junto de suas famílias. Amarre assim o seu marido ou amante, domine e tenha a seus pés quem desejar. Acabam-se os problemas. Também afasta as pessoas indesejáveis." Como por exemplo aquelas mulheres que não sabem fazer um broche e que parece que nunca mais nos largam. São piores que as melgas, porque as melgas, sim: tu as melgas, quando lhes bates, elas param de chupar e vão embora.

Conclusão: a diferença entre uma mulher e uma melga constata-se na forma como cada uma chupa.

Dizer não à falta de tesão

MARCO RIBEIRO
Utilidades com... Astrólogos.

Se estás com problemas, se estás com dificuldades em levantar o mastro, a verga, o besugo. Se não consegues atirar-te ao mar. Se não consegues jogar os 90 minutos. Se não consegues levantar uma bola para a área... tens o astrólogo mestre Sani. Ou mesmo o professor Seidi, que é vidente, médium internacional. Eu diria, ao nível de um Rui Costa.

RICKY
Marco Ribeiro, e o mestre Carumba e Catumba?

MARCO RIBEIRO
Hoje não constam desta lista de classificados, mas temos o astrólogo doutor Sambu, que tem cara de quem esteve a trabalhar nas obras.

RICKY
Sambu, que rima precisamente com... Astrólogo.

MARCO RIBEIRO
E rima com uma coisa que o nosso amigo José Manuel Santiago adora comer.

26.12.08

Desejos para o Novo Ano

RICKY
Eu diria fodam, alarguem muitas mucosas, sobretudo se encontrarem uma mucosasinha apertadinha, rasguem aquela coisa toda, sobretudo porque facilita muito o trabalho de quem vem atrás. E quem vem atrás é sempre o homem que tem mais possibilidade de ir mais fundo. E ir mais fundo é realmente o que interessa.

JOSÉ MANUEL SANTIAGO
Já dizia o poeta: ir mais fundo!...

Pila

MARCO RIBEIRO
Para quem tenha dúvidas ou curiosidade, eu gostaria de lembrar que a minha pila (julgo que também as vossas), a verdade é que as nossas pilas são melhores que tremoços. Aliás, são melhores que marisco. Eu tenho a chamada pila camarão!

Cu

Para os Caranguejos, esses alucinados adeptos do sexo anal (na perspectiva de quem leva).

MARCO RIBEIRO
Passaria agora para o Caranguejo – e gostaria de dedicar isto a todos aqueles que gostam de fazer as coisas a andar para trás. “A sua imagem pessoal e presença terão maior aceitação, se valorizar o seu aspecto e postura. Vai mesmo sentir aquela sensação de realização.” Portanto, quando eu dizia pessoas que gostam de andar para trás, sentir aquela sensação de realização: já lá está, todo lá dentro. Empurrar-lhe o cocó para o intestino!


Mênstruo

Se há coisa chata em qualquer circunstância é o período. Quando aparece e quando não aparece. Mas quando aparece, só há que puxar pela imaginação e ser feliz.

JOSÉ MANUEL SANTIAGO
Sendo a canzana uma posição muito prática, que dá para fazer em vários locais, porque podemos meter a gaja por um buraco qualquer, um sítio inédito talvez fosse a casa de banho do Vasco da Gama, porque tem essa possibilidade de estarmos a foder no lavatório e ao mesmo tempo a ver-nos ao espelho. Acho que é um acto muito narcisista e que dá muita autoconfiança...

RICKY
E que dá sempre aquela possibilidade no momento do "muco vital" de pintalgar o espelho, de fazer desenhos, coraçõezinhos, por exemplo... Com esperma.

MARCO RIBEIRO
Melhor mesmo, só se estiveres a foder uma gaja com o período, aí aquilo parece quase um símbolo do Benfica, com o vermelho e branco.

RICKY
Bem bonito, caralho!

Sexo com animais








RICKY
José Manuel Santiago, tu tens fantasias com animais?

JOSÉ MANUEL SANTIAGO
É verdade, de vez em quando eles servem-me para limpar as mãos dos líquidos vaginais das mulheres, quando a gente mete os dedos todos lá dentro, os animais ali, sempre disponíveis para nos lamber os dedos...

Esperma, o visco do amor











Porque este líquido é provavelmente dos mais preciosos à face da terra, não vale a pena desperdiçá-lo com quem não merece.

MARCO RIBEIRO
Às vezes não tens cola para um selo. Algo que te falte lá em casa e tu sabes que podes contar sempre com um pouco do magic glue que tens nos tomates.

Canzana










MARCO RIBEIRO
Quanto à canzana, eu gostava de vos lembrar três vantagens. A primeira é que tu podes estar a foder a gaja e a ver um jogo da bola, e ela não nota.

RICKY
E há outra, é que ela pode ser um trambolho, pode ser um camafeu, e nós não temos de levar com aquela tromba de frente para nós.

MARCO RIBEIRO
E a última vantagem é que quando tu não estás minimamente para ali virado e não estás sequer com paciência para continuar a foder a gaja, tiras a piroca para fora, cospes-lhe para as costas, e ela vai pensar que tu já te vieste.

Por tudo e Pornada

É um programa de televisão em que três personagens interagem entre si. Ricky (o apresentador central), Marco Ribeiro e José Manuel Santiago. Este episódio-piloto conta com vários convidados, falam de tudo e de nada, por tudo e pornada.

Não faria sentido publicar no blogue o texto deste episódio em bruto. Tencionamos desvendar excertos comentados desta emissão experimental de Por Tudo e Pornada. E, não desesperem, muito em breve será disponibilizado um ficheiro com o guião deste episódio zero, para quem queira dar-se ao trabalho de ler.

Editorial, que é como quem diz: ide-vos todos foder

Por Tudo e Pornada nasceu como um projecto de televisão que se desejava provocasse o choque e a revolução. Em finais de 2007 escrevi o primeiro projecto de guião, para um episódio-piloto a apresentar a alguma produtora ou canal televisivo. Antes, partilhei-o com pessoas familiarizadas com o meio e com experiência na tarefa complexa de idealizar e concretizar o sonho televisivo. E não, não estou a referir-me à Teresa Guilherme...

Teci alguns ajustes no texto, retirei referências explícitas a figuras da nossa cena mediática e algumas passagens susceptíveis de fazer corar até as pedras da calçada. Na primavera de 2008 dirigi-me aos CTT com três cópias debaixo do braço e enviei o guião do episódio zero de Por Tudo e Pornada para a SIC Radical, o único canal que me pareceu poder acolher ideia tão arrojada.

Apesar da insistência, nunca cheguei a obter resposta. Sei que estas coisas em televisão levam o seu tempo, obedecem a critérios que ultrapassam o domínio da qualidade ou potencial de uma ideia. Continuei à espera. Até hoje.

Hoje mesmo, imbuído deste espírito natalício que nos consome sob todas as formas, dou a conhecer esta obra, porque o Natal é Amor, e é só de Amor que se fala Por Tudo e Pornada.

«Desculpem lá qualquer coisinha, mas isto vai doer. Vamos fazer um esforço para que não custe muito, embora seja difícil não considerar esta uma tarefa árdua, dura. Esperemos que seja uma boa abertura. Como convém, aliás.»

Harold Pinter, in O Estratagema de Amor